Lançado no final de 2023, este livro eletrónico é resultado de um projeto desenvolvido conjuntamente pela Universidade Federal Fluminense, a Universidade Federal do Rio de Janeiro e a Universidade de Santiago de Compostela. Reúne oito trabalhos em português e galego que retomam e valorizam os fortes laços históricos existentes entre o galego e o português.
Os organizadores, Jussara Abraçado e Xoán Carlos Lagares, sublinham que não obstante serem numerosos «os elos e os temas de estudo que aproximam o galego e o português», dada a sua origem no tronco comum galego-português, a verdade é que em muitas obras não se refere adequadamente essa relação histórica. Como se lê igualmente na Apresentação, «[c]om este livro, [pretende-se] mostrar a produtividade de pesquisas que, para além dos limites impostos pelas fronteiras nacionais, adotam propositadamente uma perspectiva mais ampla, a partir de relações históricas que se mantêm sempre presentes».
A obra compreende duas partes – Unidades I e II –, cujos títulos indicam as grandes finalidades deste conjunto de estudos: "As relações históricas entre o galego e o português" e "Fenômenos e questões do galego e de variedades do português".
A primeira parte, evidenciando, portanto, as relações histórico-linguísticas galego-portuguesas, é constituída por quatro artigos: o primeiro é da autoria de Henrique Monteagudo, conhecido especialista na história social do galego, que dedica o seu texto à individualização do galego; o segundo estudo é de Carlos Alberto Faraco, figura destacada na área da história social do português do Brasil, que aborda na perspetiva brasileira as relações entre galego e português; "Galego e português: desenterrando raízes " é o terceiro capítulo, elaborado por Melina Souza; e "Entre o galego e o português: glotopolítica e literatura" é trabalho em coautoria, de Thayrine Kleinsorgen e Xoán Carlos Lagares.
A unidade 2 reparte-se também por quatro estudos: "Continuidade e diverxencia: tensión xeolingüística na fachada atlântica da Península Ibérica", de Rosário Álvarez, outro nome proeminente da linguística galega; "O caso do item lexical arreo em Jerónimo Cardoso (segunda metade do século XVI)", de Mário Eduardo Viaro, a quem se deve em boa parte a atual recuperação dos estudos etimológicos no contexto da língua portuguesa; "A construção em vez de em variedades da língua portuguesa", de Nilza Barrozo Dias e Leandro Horta; "Usos do presente do indicativo nas variedades europeia, brasileira, angolana e moçambicana na perspectiva da linguística cognitiva", de Jussara Abraçado e Thalita Amil.
A iniciativa e a publicação em apreço são, portanto, de saudar, porque continua premente uma revisão da história da língua portuguesa, quer na suas origens quer nas muitas formas que tomou depois. Oxalá este exemplo do Brasil também encontre eco e outras concretizações (académicas ou não) também em Portugal.
O livro eletrónico pode ser descarregado aqui.
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