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Kriol Ten

Termos e expressões

Kriol Ten
Autor(es) Teresa Montenegro
Edição Ku Si Mon , 2016

Na Guiné-Bissau, encontra-se bastante difundido, tanto como língua materna como língua segunda, o uso do kriol ou criol, o crioulo guineense de base lexical portuguesa daquele país. Kriol Ten é um dicionário de criol-português da autoria de Teresa Montenegro. Editada pela Ku Si Mon, a obra aqui apresentada corresponde à 4.ª edição, de 2016 (a 1.ª é de 2002), e distingue-se das três anteriores por ter sido corrigida e acrescentada de novos termos, expressões e rubricas.

Fruto de um trabalho que se iniciou entre junho de 1987 e junho de 1988, sob a orientação do professor e linguista Lindley Cintra, este dicionário de criol-português distribui as suas entradas ao longo de 22 rubricas: «O mundo», «As plantas», «Os animais», «O corpo humano», «As funções do corpo», «Os sentidos», «A atividade física», «As fases da vida», «A saúde e a doença», «A comida, a bebida, os excitantes», «A toilete e o vestuário», «A habitação», «O intelecto», «O tempo, o espaço e outras noções», «Os sentidos e outras manifestações», «O caráter e a disposição moral» e «A vontade e a ação».

A título de exemplo, ficam algumas das expressões que se podem encontrar nas diferentes rubricas:  tempu di seneru («época fria do ano, com espesso nevoeiro matinal») (pág. 1), fidjo di limon («limão, fruto do limoeiro) (pág. 11), saninhu («esquilo») (pág. 23), dormi suma gatu di kanúa («dormir muito, dormir como gato de canoa») (pág. 39), doensa ku ta kamba («doença contagiosa, doença transmissível») (pág. 59), limpo ma ka pus («claro, mas não completamente») (pág. 111), rispita si kabesa («respeitar-se, ter respeito por si próprio») (pág. 151). Nota, deixada no prefácio, para o facto de as expressões apresentadas estarem, não raras vezes, registadas duas ou três vezes, «sempre que as várias rubricas solicitem a sua inclusão».

Também no prefácio, há uma chamada de atenção para a grafia empregada. Esta constitui uma maneira de registar os vocábulos, não é nenhuma proposta de escrita do criol. Por isso, «em certos casos segue a transcrição portuguesa (tch, dj, nh), e em outro a transcrição fonética, ao utilizar o k [k], s [s] e g [g] com o mesmo valor em todas as posições».

Esta é, sem dúvida, uma obra que, não reunindo um conjunto de expressões exaustivo, regista uma amostra do criol que circula nos nossos dias e que ajudará a perpetuá-lo, caso «um dia o criol como forma possa vir a desaparecer» (pág. IX).


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