Discurso Académico: Complexidade Teórica e Diversidade Didática é uma publicação da Grácio Editor e organizada por Carla Marques, Matilde Gonçalves e Noémia Jorge. Reúne um conjunto de artigos que resultam dos contributos apresentados no III Encontro Nacional sobre Discurso Académico (ENDA 3) e que, à semelhança das duas edições anteriores, resultam de investigações recentes sobre discurso académico. Nesta edição, dá-se especial destaque à relação entre elaboração de conhecimento humano e a Inteligência Artificial (IA), uma vez que, segundo as organizadoras, «a propagação da IA e o seu aparecimento no quotidiano, nas escolas e nas faculdades, levam a uma discussão necessária sobre o seu modo de funcionamento, a sua utilização e o seu impacto quer na formação, quer no desenvolvimento da pessoa ao longo da vida» (página 12).
Em termos estruturais, esta obra está organizada em duas partes: uma primeira parte dedicada à relação entre o discurso académico e a IA, explorando alguns dos desafios inerentes à relação entre IA e os processos de escrita e de investigação. Já a segunda parte discute o tratamento de vários géneros associados a diferentes contextos de aprendizagem.
Na primeira parte, destaca-se o artigo «O que há de artificial na Inteligência Artificial?», da autoria de Carlos Gouveia, que reflete sobre a artificialidade e a potencialidade do uso da IA no contexto académico, defendendo-se que «o potencial de transformação da Inteligência Artificial vem sobretudo das possibilidades do seu uso em sala de aula, como experiência coletiva, interativa e interpessoal» (página 22). Salienta-se também o texto «IA e processamento de linguagem: desafios epistemológicos para as ciências da linguagem e didático-pedagógicos no ensino da língua», assinado por Helena Topa Valentim, que aborda as implicações da interação de ferramentas como o ChatGTP tanto para linguistas como para professores, realçando a ideia de que «o impulso de se representar a linguagem através de uma modelização formal inspirada na lógica e na matemática (…) deu um contributo decisivo no caminho trilhado para se chegar a modelos de processamento de linguagem e, mais contemporaneamente, à Inteligência Artificial» (página 27).
Na segunda parte, ressalta-se o artigo «A construção dos tipos de discurso por estudantes do ensino superior: mecanismos enunciativos e modalidade epistémica em questões de comentário», de Carla Teixeira e Teresa Oliveira, em que se analisa os tipos de discursos desenvolvidos por estudantes do ensino superior, comparando-se os textos dos estudantes com textos de referência. Menciona-se ainda o trabalho «Percursos didáticos: dois exemplos com textos literários, reflexão sobre a língua e conceptualização do conhecimento», apresentado por Antónia Coutinho, Bárbara Matias e Cassandra Câmara, que descreve uma proposta de Percurso Didático destinado a alunos do ensino secundário.
Em síntese, os artigos reunidos nesta publicação oferecem ao seu leitor uma perspetiva crítica sobre a relação entre produção do conhecimento científico e as novas tecnologias de informação, sem perder o contributo didático útil a todos os agentes que participam na educação das gerações futuras.
Este é um espaço de esclarecimento, informação, debate e promoção da língua portuguesa, numa perspetiva de afirmação dos valores culturais dos oito países de língua oficial portuguesa, fundado em 1997. Na diversidade de todos, o mesmo mar por onde navegamos e nos reconhecemos.
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