Este livro, lançado em 2024 pelo Núcleo de Promoção da Língua Portuguesa da Reitoria da Universidade do Porto e pela Universidade do Porto Press, revela-se indispensável ao ensino de Português como Língua Estrangeira (PLE), na variante europeia, dando o devido relevo ao léxico no seu processo de aprendizagem.
Como salienta Isabel Margarida Duarte (Faculdade de Letras da Universidade do Porto) no seu prefácio (pp. 9-11), é uma obra «útil para professores, estudantes, autores de manuais, de materiais e de tarefas, organizadores de Programas de ensino, responsáveis por provas de avaliação, decisores», além de poder ajudar «quem produz plataformas online, jogos didáticos, MOOC e outras ferramentas disponíveis no âmbito do PLE».
Logo depois, na Introdução (pp. 13/14), os autores explicam que um «referencial lexical» constitui «um instrumento ou um recurso que visa organizar e padronizar o uso de vocabulário em determinados contextos». Deste modo, lê-se ainda na Introdução, no contexto de aprendizagem de uma língua estrangeira e, portanto, no de Português como Língua Estrangeira (PLE), que um referencial lexical permite estabelecer um vocabulário comum para cada nível de proficiência linguística conforme o Quadro Europeu Comum de referência para as Línguas – QECR 2001 e pelo Common European Framework of Reference for Languages: Companion Volume – CEFR 2020 (em português, Quadro Europeu Comum de Referência para as Línguas: Aprendizagem, Ensino, Avaliação – Volume Complementar). A disponibilização de um referencial lexical para o português europeu vai, portanto, ao encontro de estudos que sublinham o papel central do conhecimento lexical no desenvolvimento das línguas.
As secções seguintes funcionam como apresentação e esclarecimento das finalidades do livro, com títulos bastante transparentes: "Objetivos" (pp. 17/18), "Público-alvo" (pp. 21/22) e "Metodologia" (pp. 25-30). É nesta última secção que se revela a estrutura do referencial, que tem como modelos referenciais obras congéneres para o francês, o italiano, o espanhol e o inglês: organiza-se em listas separadas para os níveis A1 ao B2 do QECR 2001 e apoia-se para a constituição destas listas de vocabulário em três corpora: dois corpora de língua materna – o Corpus de Referência do Português Contemporâneo (2012) e um subconjunto do Corpus do Português, de Mark Davies (2016) – e um corpus de aprendizagem, o Corpus do Português Língua Estrangeira/Língua Segunda. Na explanação metodológica, os autores esclarecem igualmente que este referencial «está organizado por ordem alfabética e as palavras novas introduzidas a partir do nível A2, de uma forma cumulativa, estão destacadas a negrito para indicar claramente que palavras ou expressões não ocorriam no nível anterior» (p. 29). O referencial propriamente dito, intitulado "Recursos – RefLex PLE", ocupa a maior parte do restante volume (pp. 35-106), ficando as últimas secções preenchidas pelas "Referências", pelos "Agradecimentos" e pelas notas biográficas dos autores.
De grafismo elegante, este livro, de pouco mais de 100 páginas, é, portanto, um instrumento de enorme potencial prático, possibiltando certamente a muitos professores a coordenação e a segurança necessárias na seleção de conteúdos linguísticos a explorar em aula. Oxalá mais recursos estejam para breve no plano editorial da Universidade do Porto Press ou de outras editoras com intervenção nesta área tão importante para a projeção internacional da língua portuguesa.
Este é um espaço de esclarecimento, informação, debate e promoção da língua portuguesa, numa perspetiva de afirmação dos valores culturais dos oito países de língua oficial portuguesa, fundado em 1997. Na diversidade de todos, o mesmo mar por onde navegamos e nos reconhecemos.
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