O estudo da língua e da linguística portuguesa tem permitido reunir um conjunto de trabalhos de investigação que se debruçam sobre o funcionamento do português. Para além disso, muitos destes projetos focados na língua de Camões exploram o seu pluricentrismo, isto é, as suas diferentes variedades linguísticas. Assumindo esta finalidade, o número 68 da Revista Confluência, uma publicação do Instituto de Língua Portuguesa do Liceu Literário Português do Rio de Janeiro, pretende dar conta das variedades do português, nomeadamente o português europeu e o português do Brasil. Neste sentido, tal como assinala Ricardo Cavaliere na apresentação da publicação, «a revista vem oferecendo ao público interessado estudos de natureza vária que decerto muito vêm contribuindo para melhor compreendermos a produção e difusão do conhecimento linguístico, mormente no campo mais estrito dos estudos produzidos em língua portuguesa» (pág. 7).
O número é composto por onze artigos e uma resenha da obra Laboratório de ensino de gramática, de André Lopes Coneglian e Maria Helena Moura Neves, onde se realça o facto de este livro ser constituído por «elementos paratextuais – atividades, glossário e bibliografia comentada – que auxiliam o leitor na construção de arcabouço teórico e prático acerca do ensino de gramática» (pág. 351). Já dos vários artigos aqui reunidos, destacamos «A construção assimilativa aditiva numa visão construcionista da gramática», de Marcos Luiz Wiedemer e Evelyn Moraes de Siqueira, que propõem um estudo que apresenta uma investigação sobre os contextos de uso das microestruturas «assim como», «bem como» e «tal como» no português brasileiro.
Salientamos também «Reflexões críticas sobre a Gramática do Português Brasileiro Escrito», de Fernando Pestana. Neste trabalho, apresenta-se uma reflexão crítica sobre os procedimentos metodológicos presentes nas lições normativas da obra Gramática do português brasileiro escrito, de Carlos Alberto Faraco e Francisco Eduardo Vieira. A linha central do artigo centra-se numa crítica à ideia de que «a linguagem literária brasileira não pode ser tomada como base para o estabelecimento da norma-padrão» (pág. 259).
Em síntese, o número 68 da Revista Confluência reúne um conjunto de textos e estudos que refletem criticamente sobre duas normas-padrão do português, a europeia e a brasileira, enquanto dá também conta dos usos da língua pelos seus falantes e que, por vezes, se distanciam da norma estabelecida.
Este é um espaço de esclarecimento, informação, debate e promoção da língua portuguesa, numa perspetiva de afirmação dos valores culturais dos oito países de língua oficial portuguesa, fundado em 1997. Na diversidade de todos, o mesmo mar por onde navegamos e nos reconhecemos.
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