Escrever uma obra sobre expressões idiomáticas e populares são coisas do arco-da-velha. Requer muito trabalho e pesquisa e, quando finalizadas, a sorte está lançada. Não se pode saber se terá sucesso ou se a montanha pariu um rato. Pode ser que agrade a gregos e a troianos, ou talvez não. Isso não são favas contadas. Mas de certeza que o autor andou numa roda-viva para a elaborar e, se tiver sucesso, provavelmente, o leitor ficará a lê-la até chegar a mulher da fava-rica, ou até queimar as pestanas.
Infelizmente, hoje em dia, as livrarias levam coiro e cabelo nos preços dos livros, apesar de, diga-se em abono da verdade, alguns livros terem sido redigidos mal e parcamente. Não quer isto dizer que se devia vendê-los por um prato de lentilhas ou por tuta e meia. O autor não se deve preocupar muito com a má-língua e deve mandar bugiar aqueles que só lhe querem fazer a folha. Alguns até não criticarão por mal, são mais do género maria vai com as outras, porém não é por isso que se vai mandar para o maneta a obra tão esforçadamente realizada. Com esta obra, não se meteu a lança em África, pois já vários autores escreveram sobre a temática, contudo, não devem meter o bedelho ou meter a colherada aqueles que nada percebem do assunto.
Todas estas expressões, e os respetivos significados, o leitor de Coisas do Arco-da-Velha – Sem Perguntas, Só Respostas*, da autoria de Jorge Esteves (Perfil Criativo – Edições), terá oportunidade de (re)conhecer. Um livro redigido num discurso ligeiro, simples e de fácil leitura.
Falha grave é, porém, a inexistência de qualquer referência à bibliografia – necessariamente consultada para a elaboração deste livro cuja temática se encontra abundantemente documentada há dezenas de anos por obras de autores brasileiros e portugueses. Alguns deles**, por sinal, resultantes de investigação de todo inédita, até então – o que, manifestamente, não é este caso. Neste aspeto, o responsável da omissão devia mesmo dar a mão à palmatória...
* O autor segue a norma de 1945, mas com o Acordo Ortográfico de 1990 – e conforme o ponto 6 da respetiva Base XV: Do hífen em compostos, locuções, e encadeamentos vocabulares –, a expressão arco-da-velha mantém os hifenes, por ser precisamente uma das exceções consagradas pelo uso, aí referidas.
**Vide Textos Relacionados, ao lado.
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