Pelourinho Uma tonelada é singular «Foram apreendidas cerca de uma tonelada de matérias perigosas.»* «Foi apreendida cerca de uma tonelada de matérias perigosas»: assim deveria ter sido escrito. Com efeito, o sujeito da forma verbal «foi apreendida» é «uma tonelada», um termo que está no feminino e no singular. Não importa se a tonelada é «de matérias perigosas» (plural) ou «de peixe» (singular). Outros exemplos: «Foi apreendida uma tonelada de carapau»; «foram apreendidos quatrocentos quilos de carapau». Maria Regina Rocha · 6 de abril de 2007 · 4K
Pelourinho «Estão todos convidados a vir (e não “a virem”)» «Estão todos convidados – aqueles que estão aí em casa – a virem até à Praça da Devesa.»* Foi aqui utilizado o infinitivo flexionado («virem»), mas nesta frase não era necessário flexionar o infinitivo («Estão todos convidados a vir até à Praça da Devesa»), pois esse infinitivo é um complemento do adjectivo verbal «convidados», não havendo alteração de sujeito. Outros exemplos: «Eles foram convidados a participar»; «eles estão cansados de esperar». Maria Regina Rocha · 5 de abril de 2007 · 20K
Pelourinho Temer que + conjuntivo O uso do conjuntivo anda cada vez mais arredado na escrita jornalística. É este o caso:«A Comissão Técnica das Urgências prometeu estar atenta, mas disse temer que as reformas para evitar mais ocorrências do género podem falhar por falta de meios técnicos e humanos.»1 O verbo temer exige um conjuntivo na oração integrante que se lhe segue, pois trata-se de um verbo que exprime um sentimento. Maria Regina Rocha · 4 de abril de 2007 · 3K
Pelourinho A construção (impessoal) "tratar-se" «Como se tratavam de valores baixos, o suspeito agora detido foi diversificando as agências onde fazia os depósitos, para iludir as autoridades (…)». 1 A construção "tratar-se de" significa «ser o caso de», «estar em causa», e é uma construção impessoal, o que faz com que só se conjugue na terceira pessoa do singular. Exemplos: «Trata-se de muitas pessoas», «tratava-se de várias burlas».Portanto: «<span style="font-weight... Maria Regina Rocha · 4 de abril de 2007 · 2K
Pelourinho O pleonasmo "voltar a repetir" Primeiro, foi subcomissária da PSP, comentando os incidentes no Estádio da Luz, referindo-se ao local que fora destinado aos adeptos do Futebol Clube do Porto: «Efectivamente aquela posição não é uma posição para voltar a repetir.». Depois, foi o próprio jornalista, autor da peça: «A PSP não quer que se voltem a repetir situações de violência».1 Maria Regina Rocha · 4 de abril de 2007 · 4K
Pelourinho "Pouco passava das seis e meia da tarde" «As escaramuças verificaram-se quando as claques do Porto (…) chegaram, à zona do Estádio da Luz, pouco passavam das seis e meia da tarde.»1 O verbo passar tem de ficar no singular, pois o termo «das seis e meia da tarde» é apenas um seu complemento, um complemento preposicional. Logo: «As escaramuças verificaram-se quando as claques do Porto aqui chegaram, à zona do Estádio da Luz, pouco passava das seis e meia da tarde.» Maria Regina Rocha · 2 de abril de 2007 · 2K
Pelourinho Sem defesas O leitor José Rui Amaral escreveu-nos e trouxe para reflexão, neste espaço, o problema da ausência de uma entidade reguladora para a língua portuguesa. Deu como exemplos o uso de facilidades com o significado de serviços - uma tradução inválida do inglês facilities. Apresentou também como exemplo o termo dispensador, equivalente a distribuidor. Ana Martins · 31 de março de 2007 · 3K
Pelourinho Precariedade «Ficou cumprido o objectivo: no dia da juventude, e para assinalar a data, milhares de jovens aprovaram uma resolução contra a precaridade e pela estabilidade no emprego», referia-se numa peça do Telejornal (RTP 1, 28 de Março p. p.) sobre uma manifestação de milhares de jovens contra as políticas de emprego em Portugal. Maria Regina Rocha · 30 de março de 2007 · 5K
Pelourinho «Em que» (em vez de «onde») «Longe vão os tempos onde as pessoas nasciam em casa.»* Quando se trata de tempo, deve utilizar-se a preposição em e o relativo que: «O dia em que nasceu»; «o momento em que falou das aparições»; «o tempo em que as crianças andavam sozinhas pelos montes». Portanto: «Longe vão os tempos em que as pessoas nasciam em casa.» * Reportagem na RTP 1 sobre o centenário do nascimento da irmã Lúcia. Maria Regina Rocha · 29 de março de 2007 · 4K
Pelourinho «Aquilo de que gosta mais» Comentário de António Vitorino1, sobre a Declaração de Berlim, proferida no âmbito das comemorações dos 50 anos do Tratado de Roma: «O texto tem muito do que é típico nos textos europeus, que se costuma chamar “a árvore de Natal”: cada um pôs lá aquilo que gosta mais. Ficou uma coisa sem hierarquia, sem critério.» (...) Maria Regina Rocha · 28 de março de 2007 · 8K