Pelourinho - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Registos críticos de maus usos da língua no espaço público.
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Desta vez, os fantasmas açularam e assolaram a redacção do Jornal de Angola (JA)1. Saiu à estampa a agenda da cimeira de chefes de Estado africanos decorrida nos dias 13 e 16 p.p, em Joanesburgo. Analisou-se, segundo o JA, a questão da «crise humanitária» causada pelo Ébola.

Talvez quisessem escrever «crise demográfica». Nenhuma crise é humanitária (humanitário/a = em prol da humanidade).

 

1 Incorreção também na revista Visão

Ler mais aqui.

 

N.E. (agosto de 2021) — A confusão no emprego de  ambos os adjetivos voltou a ser recorrente com o regresso a poder dos talibãs no Afeganistão e o cenário subsequente em matéria dos direitos das mulheres, nomeadamente. Erradamente, por exemplo, quando se refere que a ONU alerta para crise humanitária no Afeganistão e certo quando se escreve "Tragédia Humana iminente" no Afeganistão, ou no caso do acolhimento de refugiadas afegãs: Empresas portuguesas que querem contratar afegãs dizem que vai ser aberto corredor humanitário.

 

Um tropeção na ainda mais macroscópico" class="img-adjust">

«Vamos entrar de fim-de-semana e, ao que diz a metereologia, o tempo não deverá estar de praia. Por isso, e porque tinha uma farta colheita, seleccionei para hoje um conjunto de textos mais longos, mais intemporais, mas também mais próprios de uma leitura ora relaxada, ora útil, ora mais reflexiva. (...)»

José Manuel Fernandes, no boletim informativo que redige e envia por correio eletrónico com as atualizações diárias do jornal digital Observador, de 12/06/2015

«Em bom português»?

O futuro da língua portuguesa discutido em bom português foi o título genérico do colóquio promovido pelo Diário de Notícias no dia 27 de maio, no âmbito das comemorações dos 150 anos deste secular matutino português. Só foi pena que o «bom português» se tenha ficado nas intenções – e, no respetivo programa, ninguém se tivesse preocupado com aqueles intrusivos welcome coffee e coffee break, em vez dos correspondentes termos em português: receção e pausa/intervalo/café.

 

«Não gostei do invento»

No evento (musical), a invenção deu-se na troca das duas palavras de sentido completamente distinto...

 

 

O ‘invento’ em epígrafe foi a venda do disco ‘Team sonho II’, em que participaram dois músicos angolanos.

A venda aconteceu [em Luanda] em vários sítios ao mesmo tempo e os músicos estavam divididos. Assim, muitos não conseguiram um autógrafo dos seus cantores favoritos porque esses, eventualmente, estavam noutras províncias. 

«O português não merece ser tão maltratado»

Por ocasião do Dia da Língua Portuguesa em 5 de maio p.p., o locutor e apresentador de televisão Vasco Palmeirim e a banda D.A.M.A levaram ao programa da manhã da Rádio Comercial uma nova e divertida versão de um dos êxitos deste grupo, a canção Às Vezes – à volta dos "há-des" e dos "houveram", das "sandes" e das "salchichas", e do que mais anda por aí de mal dizer e mal escrever o português. A letra e o respetivo vídeo, a seguir:

 

Refrão:

Às vezes, oiço cada coisa e não fico OK

Como dizer mal ( escrevendo bem (precariedade)" class="img-adjust">

Precariedade, pre-ca-rie-dade. Porque será que o secretário-geral da CGTPArménio Carlos, diz sempre "precaridade", se até nos cartazes das manifestações da central sindical de que ele é o principal dirigente a palavra vem sempre corretamente escrita?! (...)

Humanitário?

O indevido emprego do adjetivo humanitário em vez de humano – neste apontamento do autor no blogue Tudo Menos Economia.

Erro dito, erro (não) publicado?

«Alguma vez sente que Portugal é muito pequeno para si?

Não sei... Às vezes há coisas que gostava de fazer e [penso] que se calhar não são tão aceitáveis. Isso talvez vá de encontro à pergunta. Mas nós vamos crescendo e, sobretudo com a Internet, o mundo tornou-se muito pequenino. Há tipos na Malásia que eu considero meus vizinhos, porque hoje praticamente vemos as coisas a acontecer em direto.»

(...)

Aparentemente, Marcelo

Apontamento que o escritor, ensaísta e linguista português Fernando Venâncio publicou na sua página do Facebook, em 14/12/2014, sobre o uso incorreto de aparentemente à francesa ou à inglesa, ou seja, como decalque semântico dos advérbios modalizadores apparemment e apparently.

 

Marcelo Rebelo de Sousa  [no seu comentário político, na TVI] conseguiu não chegar aos 20 empregos de «aparentemente», mas andou lá perto.

Por uma campanha de alfabetização de economistas,  <br>gestores e deputados
O jargão profissional, espécie de língua estrangeira

A propósito da audição, na comissão de inquérito do parlamento português, dos três principais envolvidos no caso do Banco Espírito Santo (caso BES) – Ricardo Salgado, José Maria Ricciardi e Pedro Queiroz Pereira –, o comentador Daniel Oliveira critica o jargão opaco e anglicizado de economistas, gestores e deputados numa discussão que, sendo pública, deveria tornar-se linguisticamente transparente e acessível ao comum dos cidadãos. E, já agora, imune a imprecisões muito comuns no meio quando se trocam os biliões pelos mil milhões...

[Texto publicado no jornal Expresso em 11/12/2014, a seguir transcrito com a devida vénia.]