Pelourinho - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Português na 1.ª pessoa Pelourinho
Registos críticos de maus usos da língua no espaço público.
Um erro à discrição

«Mas tal, além de nos obrigar a comer só tomate e
pouco mais, embora com o benefício de o vinho ser à
descrição, parece-me pouco realista e não convence as
altas esferas que nos governam».

Expresso, Revista, 2 de agosto de 2014, p. 74.

 

 

 

 

Errar também será

«Em Portugal e em Angola, os jornalistas confundem [humano] com [humanitário]. Persistentemente. Tanto persistem que acabarão por vencer. Haverá um dia em que veremos à solta a "raça humanitária", a "espécie humanitária", o "ser humanitário".»

Eu te amarei, quando muito na norma brasileira. Ou seja: com a colocação do pronome antes do verbo (próclise). Tratando-se de uma revista portuguesa, será, sempre,  eu amar-te-ei [futuro do indicativo na forma reflexa do verbo amar, com o pronome pessoal intercalado entre elementos do próprio verbo (mesóclise), com hífen.]

Amarei-te... nunca a Sra. Obama diria alguma vez ao senhor seu marido. Falando em português (escorreito), é claro.

Uma desmarcação mal demarcada

«Claro que eu, aqui [na Madeira], não subscrevo a política da República. E procurei
passar a mensagem da minha desmarcação, e mesmo oposição, a essa política».

Expresso, Primeiro Caderno, entrevista a Alberto João Jardim, 25 de julho de 2014, p. 10.

 

Um estrato (muito) mal extraído

«Este foi um dos produtos […] que também permitiu criar a Red Eye, cerveja
apresentada como remédio para a ressaca, e cujo segredo é um estrato de
tomate criado em Portugal»

Expresso, Economia, 18 de julho de 2014, p. 14.

 

O estrato de tomate referido na transcrição é na verdade extrato.

O

Três exemplos da confusão no emprego de duas conjunções coordenativas de sentido distinto, colhidos em jornais portugueses. Crónica do autor publicada no jornal "i" de 31 de julho de 2014.

 

 

Para alguns jornalistas é um problema escolher entre um “e” e um “ou”, as inesquecíveis conjunções aditivas e alternativas que surgiam nas primeiras páginas das gramáticas básicas.

Um erro (facilmente) evitável

É por estas e por outras – a confusão entre ter a ver (= «ter relação com»/«dizer respeito a») e ter a haver (= «ter a receber») – que vale mais preferir-se o vernáculo ter que ver.

Evitava-se o erro1. E tratando-se ainda por cima de uma televisão de serviço público a veiculá-lo...

 

1 Ainda por cima, um erro duplo aquele anómalo ter haver.

Um casual nada fortuito

«A partir daí, o almoço desenrolou-se [de forma] bastante casual»

Jorge Lavos da Costa, SIC Notícias, 21 de julho de 2014, 1m27.

 

Crónica do autor  publicada no jornal i a propósito da abundância de notícias sobre situações caricatas na comunicação social portuguesa. Neste caso,  envolvendo ainda um comentário com vários erros ortográficos de uma deputada portuguesa no Facebook – o que originou uma chuva de reações  críticas nas redes sociais (e, posteriormente, retratação da visada).

 

 

Um enigmático «inigma»!

«O inigma de mais um misterioso voo da Malaysian Airlines»

A Bola, 18 de julho de 2014, p. 37.