«(…) O homem que com um machado é responsável pelo ataque* na Alemanha é um dos soldados do Estado Islâmico e realizou esta operação em resposta aos países da coligação que ataca o Estado Islâmico”, escreve a Amaq, numa mensagem idêntica aquela que foi escrita aquando da reivindicação do ataque de Nice que matou 84 pessoas. (…)»
«(...) Numa entrevista a uma televisão alemã, Herrmann actualizou ainda o estado das vítimas do ataque. Há dois feridos que estão em estado critico. Foi ainda avançado que a cidadãos chineses entre as vítimas. (...)»
[notícia da Rádio Renascença, 19/07/2016]
O adjetivo idêntico rege a preposição a, fazendo com que, no caso apresentado, se contraia com a primeira vogal do pronome demonstrativo, aquela, dando origem à acentuação grave da preposição e da vogal contraídas. Portanto: «(...) numa mensagem idêntica àquela que foi escrita (...)»
Na segunda passagem, a incorreção ainda é maior – e mais inaceitável num meio de comunicação social: a 3.ª pessoa do presente do indicativo do verbo haver trocada pela preposição a. Logo: «(...) Foi ainda avançado que há cidadãos chineses entre as vítimas (...)».
* Do mal, o menos: a notícia não confunde um ataque com um atentado, como aconteceu, amiúde, sobre o que se passou, quatro dias antes, em Nice – e que justificou um assertivo reparo do jornalista José Vitor Malheiros: «Por favor, parem de chamar ATENTADO ao que se passou em Nice. Tratou-se de um ATAQUE e de um ataque bem-sucedido que, apesar da baixa tecnologia dos meios [empregados] e do seu carácter não militar, se traduziu num massacre. Aparentemente, tratou-se de um ataque terrorista, que visou não apenas matar mas matar de forma indiscriminada, inesperada e não convencional, de forma a espalhar o terror.» Na verdade, um atentado é um delito cometido contra o Estado ou uma autoridade, no propósito explícito da eliminação de um político, por exemplo, de prejudicar ou boicotar alguma autoridade, ou atividade do Estado, económica, turística ou administrativa. Já um ataque é uma agressão, um ato contra algo ou alguém. Foi o que sucedeu em Nice: um ataque, que não visou diretamente nem o Estado francês nem as autoridades, mas as pessoas indiscriminadamente. Aconteceu o mesmo com o ato violento do afegão de 17 anos num comboio na Alemanha, agredindo com uma catana algumas pessoas que nele estavam a viajar.