Português na 1.ª pessoa - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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São assim as palavras
Que não são só o seu significado

«Muita gente pensa que a língua está dentro dos dicionários, que é uma listagem de palavras. Não é, mas há alguma razão em pensar assim» – observa neste apontamento a professora Ana Martins, a propósito de um espaço na SIC Online que convida os telespectadores a indicarem uma palavra da língua portuguesa sua favorita.

Português perde para ‘brasileiro’

 

A relevância do português tal como é falado em Portugal está ameaçada, e o século XXI pode marcar o ponto de viragem, com a variante falada no Brasil a transformar-se em língua de direito próprio, com espaço privilegiado nas instâncias internacionais.

Este é um caso típico e pouco exemplar de como Portugal lida com os contratos que faz e os compromissos que assume, mesmo quando eles tomam a forma de leis, na ordem interna, ou de acordos, entre países. Quem ande pelos 35 anos e todos aqueles que já por lá passaram ainda hão-de lembrar-se de um debate longo e assanhado que atacou jornais e académicos acerca do acordo para a uniformização da ortografia da Língua Portuguesa nos países onde ela é falada. Pois bem, o polémico pergunta.php?id=166...

Com este título de capa, publicou  o semanário Courrier Internacional (edição portuguesa), de 28 de Setembro de 2007, um extenso dossiê de textos de diversa proveniência sobre o Acordo Ortográfico: «Dezassete anos depois de ter sido assinado, o Acordo continua letra morta. E Portugal parece arrependido de o ter subscrito.»

Aqui ficam esses textos, com os devidos agradecimentos ao Courrier Internacional, assim como às demais publicações de onde eles foram transcritos.

Letra morta

Reforma absurda

(...)

Os equívocos de uma viagem linguística

 

Na SIC, canal de televisão português, uma jornalista convida a «fazer de “trugalheiro” da língua portuguesa». Promete-se uma “Viagem pela Língua Portuguesa”, com imagens de um antigo mapa do Reino que entrecortam outras de gente — idosa, na maioria — que vive em campos, aldeias, vilas...

A expressão "acordo ortográfico" provoca-me um cansaço fulminante. Quando alguma coisa me decepciona muito, adormeço. Num minuto, esteja onde estiver, o que espanta os próximos, que me conhecem como insone militante. Um psicanalista explicou-me que se trata de uma reacção saudável do inconsciente. Útil, pelo menos, tem sido. Mas nesta questão da ortografia, sempre que abro os olhos, vejo mais uma figura da cultura portuguesa bradando contra "o colonialismo dos ex-colonizados". Urrando contra ...

Os dicionários virtuais podem agilizar a criação de referências para a reforma ortográfica, que ainda está sem data para entrar em vigor. Isso porque as alternativas "on-line" e os corretores digitais dispensam a etapa da impressão e, assim, podem exibir antes dos dicionários tradicionais a actualização das palavras alteradas.

Encaro com grande ceticismo esse acordo ortográfico. É uma reforma tímida, que não traz grandes inovações. Mas não gostei. Queria que meus tremas ficassem onde estão. Os escritores mais velhos e mais preguiçosos têm de confiar no pessoal da editoração para fazer as mudanças necessárias no texto.

 

Absurdo*

A unificação ortográfica dos países de língua portuguesa, que vem sendo protelada desde a assinatura do acordo, em 1991, "pode nunca entrar em vigor". É o que admitiu o presidente da Comissão de Definição da Política de Ensino, Aprendizagem, Pesquisa e Promoção da Língua Portuguesa (Colip), Godofredo de Oliveira Neto.

Muito barulho por quase nada. Essa é uma boa descrição da nova reforma ortográfica que o Brasil cogita implementar já a partir do ano que vem. Na prática, o que o tratado faz é eliminar um pequeno número de consoantes mudas ainda escritas em Portugal ("óptimo", "adopção"), sepultar o trema e promover algumas poucas mudanças nas regras de acentuação e do uso de hífen.
Parece pouco. E, em termos qualitativos, de fato o é. Só que, para proceder às modificações, será preciso empenhar uma energ...