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Controvérsias

Preguiça cética

Encaro com grande ceticismo esse acordo ortográfico. É uma reforma tímida, que não traz grandes inovações. Mas não gostei. Queria que meus tremas ficassem onde estão. Os escritores mais velhos e mais preguiçosos têm de confiar no pessoal da editoração para fazer as mudanças necessárias no texto.

 

João Ubaldo Ribeiro**

Absurdo*

Absurdo! A língua não evolui através de imposições. Tampouco os acentos servem para atrapalhar. Ao contrário, existem para ajudar a diferenciar palavras na escrita e para indicar sua pronúncia. Ainda, este tipo de situação mereceria um plebiscito. Afinal é a língua do país. Além disso, apenas mudar a ortografia não integra os países de Língua Portuguesa. (…) A língua não é vilã, é companheira.

* leitor anónimo do Estado de São Paulo transcrito no Courrier Internacional (edição portuguesa), de 26 de Setembro de 2007

Fim ao trema*

Lya Luft**

A unificação já devia ter ocorrido antes. É uma medida civilizada. A diferença na escrita dos países que falam português atrapalha o intercâmbio econômico e editorial. Como toda reforma, essa proposta tem suas falhas. Mas acho ótimo, por exemplo, o fim do trema. Sou a favor de tudo que vai no sentido da simplificação.

* in Veja, transcrito no Courrier Internacional (edição portuguesa), de 26 de Setembro de 2007

** escritora e colunista da Veja

E o povo onde se encaixa?*

O principal absurdo para mim foi os gramáticos terem mudado a nossa língua portuguesa do jeito que queriam. E nós? E o povo? Onde ele se encaixa? Eu sempre pensei que fosse o governo que trabalha de acordo com a vontade do povo. Pelo visto, estou redondamente enganado...

* Davi, comentário no portal de informação G1, São Paulo, transcrito no Courrier Internacional (edição portuguesa), de 26 de Setembro de 2007

Uma reforma meia-sola*

Sou contra o acordo. Sei que isso é um tiro no próprio pé, pois, se o acordo passar, vou ser chamado para fazer muitas palestras. Mas não quero esse dinheiro, não. Com outro espírito, outra proposta, uma unificação talvez fosse possível. Mas esta é uma reforma meia-sola, que não unifica a escrita de fato e mexe mal em pontos como o acento diferencial. Vamos enterrar dinheiro em uma mudança que não trará efeitos positivos.

* depoimento de Pasquale Cipro Neto, professor de Português, in Veja, transcrito no Courrier Internacional (edição portuguesa), de 26 de Setembro de 2007

Regras pouco acessíveis*

A unificação ortográfica é importante. Implica numa maior difusão da língua portuguesa nos seus textos escritos. Mas a reforma poderia ter avançado mais e de forma mais inteligente na racionalização dos acentos e do hífen. As regras ainda são pouco acessíveis para o homem comum.

* depoimento do gramático Evanildo Bechara, in Veja, transcrito no Courrier Internacional (edição portuguesa), de 26 de Setembro de 2007

Quem os autoriza?*

O que me impressiona não é a exclusão de acentos ou letras ou a simplificação do uso do hífen. O que realmente me deixa impressionado é a existência de pessoas que têm a autoridade de mudar o idioma e que, sendo assim, fazem as alterações que lhes convêm, que lhes agradam.

* comentário de Frederico Vasconcelos, no portal de informação São Paulo, transcrito no Courrier Internacional (edição portuguesa), de 26 de Setembro de 2007

Fonte

*in Veja, transcrito no Courrier Internacional (edição portuguesa), de 26 de Setembro de 2007

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