Português na 1.ª pessoa - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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O bê-á-bá da escrita jornalística

«Em jornalismo, palavras, frases e parágrafos são reduzidos. As palavras longas, as frases complexas e os parágrafos extensos ficam para os ficcionistas» – escreve Wilton Fonseca nesta crónica, transcrita, com a devida vénia, do jornal i, de 13 de janeiro de 2012  

As grandes mudanças sentidas em Portugal ao longo de 2011 a do Acordo Ortográfico e a do Acordo com a troika , incidindo sobre a relação entre o (novo) vocabulário e a atual crise económica,  são tema de reflexão do jornalista e escritor António Costa Santos numa crónica publicada na revista Tempo Livre (n.º 233, de janeiro 2012),  que aqui se publica com a devida vénia ao autor e à publicação do Inatel. Manteve-se a grafia do texto original.

 

Um texto que evidencia a riqueza linguística fruto do convívio da língua portuguesa com as línguas naturais (indígenas) dos países africanos e do Brasil, retirado do livro Milagrário Pessoal, de José Eduardo Agualusa.

 

Alguém consegue entender a frase «descida homóloga»? — pergunta o jornalista Wilton Fonseca, a propósito de uma notícia de jornal, na sua crónica no jornal i, de 6/1/2012

A língua portuguesa é cool. O cool em português não tem a panóplia de significados que pode ter na língua de David Cameron que foi muito cool, quer dizer, unfriendly, na ultíssima e decisiva cimeira da União Europeia, at least em relação à Frau Merckel. No idioma de Passos Coelho, a palavra,...

 

Não obstante as respostas e outros textos, aqui no Ciberdúvidas, continuo a ver utilizado — na televisão, em particular — o termo encarregue, como se encarregar fosse um verbo de duplo particípio. Por exemplo: «O detetive foi encarregue de seguir o suspeito», ou «O detetive foi encarregado de seguir o suspeito»? João Carlos Amorim (Reformado) Lisboa Portugal 

O verbo encarregar não tem particípio passado irregular. Logo: «O detecive foi encarregado de seguir o suspeito.»

A crise que Portugal vive também tem reflexos na linguagem. Expressões novas entram todos os dias no nosso quotidiano. Antes da crise sabíamos que existia dívida pública mas porventura nem todos saberíamos que existia dívida soberana! Os exemplos poderiam multiplicar-se.

«Se não é uma manifestação do mal, o que dizer da “notícia” que afirmava que a GNR tinha “apreendido” 40 javalis que estavam “ilegalmente” em cativeiro» e insistia que os animais, “classificados como espécies cinegéticas”»?

 

Excerto da obra «Sermão da Sexagésima» No excerto Padre António Vieira fala do estilo do discurso que pode não ser percetível a todos quanto o ouvem. 

Há dias – como este, referido pelo jornalista Wilton Fonseca (in jornal i de 23/12/2011 – em que a televisão portuguesa é um festival de erros e disparates.

 

Sou daqueles que pensam que a informação da RTP tem melhor qualidade do que a da TVI ou da SIC; como muitos, sigo com preocupação a discussão sobre o futuro da estação.