Português na 1.ª pessoa - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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A brigada do asterisco

Comentário do embaixador português em Paris à suspensão da aplicação do Acordo Ortográfico no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, ordenada pelo seu novo presidente, Vasco Graça Moura. No blogue do autor, duas ou três coisas.

 

 

Desde 1 de janeiro, os serviços públicos [portugueses] estão, no cumprimento da lei, obrigados a utilizar o novo Acordo Ortográfico, em toda a sua documentação.

A questão prende-se, obviamente, com aquele «no», contração da preposição «em» com o artigo «o», porque lufa-lufa é um substantivo feminino e não masculino. O corretor que utilizo assinala o erro. Certamente que o do jornalista que fez a transcrição da entrevista também.

Por Virgílio Dias

1.Verbo modalizador e copulativo

O verbo parecer apresenta claros traços de modalizador: ele revela uma atitude hesitante ou duvidosa do sujeito.  Para quem tem dúvidas, ou é tímido, as coisas não são: parecem.

Mas Manuel Bana saudou-o de longe e pareceu-lhe reservado (V.Nemésio, Mau Tempo…, p.124)

Procurei até a D. Carolina Amélia, que não ia longe disso…Depois pareceu-me virada (idem, 155)

Embora haja autores que equacionam a possibilidade de o verbo parecer, em frases destas, seleccionar um complemento directo (e não um sujeito), como não são referidos argumentos que justifiquem a categorização do verbo parecer como transitivo directo, considero que, na frase «Parece-me que estou ouvindo S. Mateus.» (reduzi a frase original ao essencial), a oração «que estou ouvindo S. Mateus» desempenha a função sintáctica de sujeito do predicado «parece-me».

A consulente Rute R. perguntou ao Ciberdúvidas:

«Agradecia que me esclarecesse qual é a função sintática de «que estou ouvindo a S. Mateus» em «Parece-me que estou ouvindo a S. Mateus, sem ser apóstolo pescador, descrevendo isto mesmo na terra».

Sandra Duarte Tavares respondeu que é complemento direto:  «Parece-me + complemento direto».

O professor Virgílio Dias discordou, sustentando «A inaceitável hipótese transitiva do verbo parecer».

V. ACONTECER

(1)    Aconteceu uma tragédia.

(2)    Aconteceram várias tragédias.

(3)    Aconteceu que ela abandonou os filhos.

O v.  acontecer é um verbo de um lugar, i.e., seleciona apenas um argumento, o qual desempenha a função de sujeito (veja-se a concordância em 2). Este pode ser nominal (cf.1 e 2) ou frásico (3).

V. HAVER

(4)    Houve uma tragédia.

(5)    Houve várias tragédias.

(6)    * Houve que …

Reparo do provedor do leitor do jornal "Público"

 

«Além do recurso desnecessário a termos estrangeiros no jornal Público], outras palavras, essas bem portuguesas, que todos ganharíamos em ver afastadas de alguns títulos informativos. Uma delas, que têm vindo a propagar-se de modo epidémico, sem cuidar sequer de se apresentar como figura de estilo, antes procurando impor-se num desadequado sentido literal, é o malfadado verbo “arrasar.»

Extrato do artigo do provedor do leitor do Público, de 29/01/20012, sob o título original "Nomes, identidades, escolha de palavras".

Dois casos – um anúncio-promoção do Metopolitano de Lisboa e uma frase descuidada no Telejornal da RTP 1 – aqui apontados pelo antigo diretor da agência de notícias Lusa, na coluna que assina às sextas-feiras no diário português i.

 

Um jornal português, o Diário de Notícias, passou adotar as novas regras do português escrito – aceitando, no entanto, que quem o quiser, entre os seus articulistas, continue a escrever na grafia de 1945. Com que resultado e qual o benefício dos leitores? A reflexão do provedor do leitor do DN, na sua coluna do dia 21/01/2012.

 

 

«Acabar com o Euronews em português seria um facto absolutamente incompreensível – apenas por inadvertência. Ou, o que seria pior, por capricho desastroso.» Artigo do deputado português [in Público de 18/01/2012], que volta a um tema já anteriormente abordado por ele próprio.

1. Está em crescimento contínuo desde o começo em 1993, com serviços em cinco línguas: inglês, espanhol, francês, alemão e italiano.