Português na 1.ª pessoa - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Por Mia Couto

A pequena nação, a nação da escrita, é absolutamente minoritária em Moçambique, escreve Mia Couto, relatando o caso de um camponês julgado em tribunal por desrespeito para com uma petrolífera estrangeira. «O que aconteceu na sala (…) não é senão a tradução dessa espécie de nova trindade: escrita, língua portuguesa e poder são os três nomes de uma mesma hegemónica entidade.» Crónica publicada na revista África 21 de Dezembro-Janei...

Num texto intitulado Para onde vais, Europa?, da autoria de José Rodrigues Branco, publicado na revista Share (dezembro de 2012, p. 24), pode ler-se: 

«Não será evidente que os países poderosos lucrarão em função da subserviência dos países que agora são colocados em cheque

«O que se requer ao insulto para ser arte é elevação, e a única via que eleva é o apuramento da linguagem. Dizer de certo sujeito que é «alcançadíssimo de inteligência» ou que o caracteriza «extrema parcimónia das faculdades mentais» é melhor do que chamar-lhe idiota: não apenas tem graça como suplanta o sentimento de caridade pelos menos afortunados, facilitando a apreciação da frase em si mesma, sem consideração do efeito que venha a produzir no visado. O desprezo da linguagem é que por ...

«A palavra previsão utilizada na economia é, aliás, digna de análise. Prever é ver antes, coisa que (salvo em casos de bruxaria) se realiza pelo método científico: certos fenómenos quando ocorrem em determinadas condições ou ambientes têm consequências que se podem antever. Os economistas e as suas instituições podiam preferir outras palavras: «estimativa», por exemplo; ou «projeção»; ou, para serem totalmente honestos, apenas «palpite».[…] Se a palavra fosse palpites, talvez...

«[…] escrever bem é saber cortar palavras, é saber reescrever textos, é ser breve. Ser contido nas palavras não implica ser simples ou superficial, mas antes saber utilizar as palavras certas e em poucas linhas transmitir a dimensão de um acontecimento.», como se aponta neste texto publicado no jornal i,  do dia 26 de novembro de 2012, que a seguir se transcreve na íntegra, com os devidos agradecimentos ao autor e ao diário português.

 

 

Nas Breves do Expresso de 24 de novembro de 2012 (Primeiro Caderno, p. 11) diz-se:

«AUTÁRQUICAS — Isabel Magalhães, independente, ex-bastonária de Jorge Sampaio em Cascais e ex-vereadora da oposição (eleita nas listas do CDS) no mandato de José Luís Judas, vai candidatar-se a Cascais.»

«Para além da questão jurídica e cultural de fundo, é uma questão política assaz bizarra. E a questão política actualmente resume-se a isto: estão a ser aplicadas não uma, mas três grafias da língua portuguesa. A correcta, em países como Angola e Moçambique, a brasileira (no Brasil) e a pateta (em Portugal e não se sabe em que outras paragens).» [Artigo do autor, opositor desde a primeira hora da adoção do <a href="http://www.portaldalinguaportuguesa.org/index.php?action=acordo&v...

«Falar repetidamente» de um determinado assunto nada tem que ver com «falar consecutivamente» sobre esse mesmo assunto como se aponta neste texto publicado no jornal i do dia 19 de novembro de 2012, que a seguir se transcreve na íntegra, com os devidos agradecimentos ao autor e ao díário português.

 

Um  lagar posto a

Em matéria de língua portuguesa, basta estar atento e o insólito aparece mesmo nas situações mais inesperadas. Surge onde está a linguagem e esta está por todo lado. Um dia destes à mesa dei comigo a ler o contrarrótulo de uma garrafa de azeite Esporão. O texto rezava assim:

Um desastrado insipiente no lugar que devia ter sido corretamente escrito: incipiente.

«Este é um daqueles erros detetáveis apenas pelo olho humano. Só não erra quem não escreve. Mas já se compreende pior que nem os copidesques de um jornal de referência – certamente não insipientes, e cujos conhecimento e experiência não serão, também, incipientes – o tenham evitado...»