Na frase «Pedro abre a porta.» poderá existir uma vírgula após o nome próprio Pedro?
A possibilidade de colocação de vírgula nesta situação depende da função sintática que a palavra Pedro desempenhar na frase. Se Pedro for vocativo, ou seja, se se tratar de um nome usado para chamar alguém, a vírgula é obrigatória. A frase escrever-se-á «Pedro, (vírgula) abre a porta.» Note-se que, neste caso, a frase é pronunciada com mais força no segmento inicial, o qual pode até ser antecedido da interjeição Ó: «Ó Pedro, abre a porta.»
No entanto, se Pedro tiver a função de sujeito, já não haverá lugar a vírgula porque é de norma não se separar o sujeito do verbo por este sinal de pontuação.
Fiquemos com uma extraordinária descrição da vírgula feita por Madureira Feijó na sua obra Orthographia, ou Arte de Escrever, e pronunciar com acerto a Lingua Portugueza:
«Virgula he huma breve risquinha, quasi da figura de hum c, pequenino virado para traz, da qual se usa na escripta, para distinçaõ das oraçoens, e descanso, ou pauza no ler, para naõ perturbar o sentido do que está escripto. Chamase Virgula, palavra diminuta de Virga, que significa a vara; porque a Virgula he como huma varinha torcida, que nasce do fim da palavra.» (Feijó, 1734, pp. 124- 125).
Áudio disponível:
[AUDIO: CarlaMarques_Usos da vírgula]
Apontamento incluído no programa Páginas de Português, na Antena 2, no dia 13 de novembro de 2022.