1. No fecho da Conferência Internacional sobre o Futuro da Língua Portuguesa no Sistema Mundial, dia 31 de Março, em Brasília, foi produzido, conjuntamente, o documento Plano de Acção para a Difusão da Língua Portuguesa, norteado pelos seguintes objectivos:
O documento pode ser lido na íntegra aqui. É uma situação inédita: na Universidade Politécnica de Madrid, os alunos lusófonos podem fazer exames, trabalhos escritos e orais em português.
*Hora oficial de Portugal continental.
A Conferência Internacional sobre o Futuro da Língua Portuguesa no Sistema Mundial encerra neste dia, 31 de Março, com a VI Reunião Extraordinária do Conselho de Ministros da CPLP, que levará recomendações sobre a política de língua portuguesa à próxima Cimeira da Comunidade, a ser realizada em Julho próximo, em Luanda, Angola.
A conferência visou tópicos de relevo como a tradução, a divulgação da literatura e da música em português, a convivência do português com as línguas nativas, entre outros temas.
Que consequências tem para o indivíduo ler abundantemente? Há anúncios que, mediante estratégias diversificadas, apelam às muitas virtudes da leitura.
Mas raramente encontramos uma mensagem de incentivo à leitura que toque no cerne do processo: o desenvolvimento da competência linguística do leitor.
Pensemos, por exemplo, no vocabulário: só pela leitura é possível travar conhecimento com novas palavras que nos levam a conhecer novas realidades que, de modo empírico, nunca conheceríamos, como sejam entidades científicas ou factos históricos. Depois há o encadeamento hierarquizado de blocos de frases, que nos conduzem por raciocínios novos, que nunca teriam lugar fora da língua, fixada num longo registo escrito. Não é aliás por acaso que o desenvolvimento da escrita e da literatura foi um passo fundamental para a afirmação e prestígio das línguas.
Apoderarmo-nos de um modo de falar é apoderarmo-nos de um modo de pensar e ser.
Há hoje tendência para se ler mais do que no passado? Porque não organizar miniolimpíadas da leitura? Porque é que não basta ler os resumos das obras e ver os filmes baseados nos clássicos? O que interessa não é a história?
Sobre este tema, deixamos neste dia três sugestões de leitura:
O interesse pelo português aumenta no estrangeiro, mas há um problema de imagem e de prestígio a ultrapassar. Um exemplo: apesar de o português ser já uma língua com mais falantes do que o francês, esta é, ainda, inquestionavelmente, uma língua culturalmente dominante. Basta ver que o português não é língua de trabalho na ONU.
Para a credibilização do português como língua internacional têm papel fundamental as universidades e os centros de investigação. Recursos de ensino coerentes e formação de qualidade para professores, sustentados em estudos rigorosos de análise e reflexão linguística, concorrem fortemente para a promoção do português como língua de prestígio.
Terá sido aí, ainda que parcialmente, que o Ministério dos Negócios Estrangeiros português gastou 30 milhões de euros em dois anos?
A última leva noticiosa, gerada pela Conferência Internacional sobre o Futuro da Língua Portuguesa no Sistema Mundial, não podia ser mais optimista:
Mas atenção: muito mais do que contabilizar o número de falantes, importa olhar para o grau de proeminência — económica, tecnológica e cultural — dos países lusófonos na cena internacional. Assim fala Mia Couto, assim pensa Moacyr Scliar e assim concluiu, há já algum tempo, o estudo coordenado por Carlos Reis.
Segundo dados recentes do Instituto Nacional de Estatística de Moçambique, a língua portuguesa está a expandir-se no seio da população mais jovem, residente em zonas urbanas. Atinge já os 90%. Mas atenção que a esmagadora maioria destes falantes tem o português como língua segunda. Apenas 6,5% falam português língua materna.
Deste modo, ao contrário do que possa parecer, não há equívoco ou contradição quando se fala de ensino de português língua segunda a falantes de Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa.
A este propósito, o embaixador António Monteiro deixa um recado: é de evitar «uma atitude sentimental em relação ao português clássico», porque «não há donos da língua».
Propomos, já agora, uma visita, via agência Lusa, a Trangapasso (Chimoio, Manica), a uma escola do ensino básico. Uma escola a céu aberto — mais correctamente, à sombra de uma mangueira.
1. De que os textos da área do direito têm de ser bem escritos, ninguém duvida. O que mais dificilmente se aceita é que os juízes tenham de ter formação específica na área da expressão escrita. Assim é em Portugal. Mas não no Brasil, pelo menos no estado de Alagoas.
2. Será que as diferenças dialectais podem ser geradas, intencionalmente, por um dado grupo de falantes? E como avaliar o grau de intencionalidade? É sobre esta vertente da variação diastrática que se debruça uma das respostas da actualização deste dia.
3. O que significam as palavras monoplay, doubleplay, spinoff? Se o consulente não souber, é porque está na altura de se inscrever num dos muitos cursos de inglês que abundam no mercado da aprendizagem de línguas. Isto se quiser entender o que o presidente da PT tem para dizer... em português.
1. O português do Brasil está a afectar o português falado em Angola e Moçambique, muito por via do sucesso das novelas da Globo. O mesmo também já aconteceu (acontece?) em Portugal. A diferença está em que o alargamento da influência linguística é o reverso da moeda da influência económica e política do Brasil.
2. Entre 1974 e 1991, inúmeros militares aprenderam português por necessidade profissional, dado que exerciam actividades na África lusófona. E de então até hoje? Apesar de o português já não ser tão popular como era no período soviético, as universidades de Moscovo e Sampetersburgo têm, no conjunto, mais de 300 alunos inscritos na disciplina de Língua Portuguesa.
3. Neste dia, destaque para um poema de João Cabral de Melo Neto a António de Moraes Silva:«O léxico em mel-de-engenho/ que ao português integrou,/o pão alegre da cachaça/ que de certo destilou,/ a sintaxe canavial,/ a prosódia do calor,/ que escutou de sua rede/ nos descansos de escritor.»
1. «Nossa língua, tenho certeza, além de bela, é sábia», declarou António Sartini, director do Museu da Língua, em São Paulo, que vê no Acordo Ortográfico um bom instrumento «para que o belo idioma se desenvolva livremente em cada país».
2. Rui Zink, no seu blogue, reflecte, brevemente, sobre o lavar de mãos para com a violência nas escolas, que segue de par com o lavar de mãos relativamente à língua.
3. Na voragem da escrita acelerada em blogues, chats e fóruns, aparece, de vez em quando, um apelo a tréguas nos maus-tratos dados à língua portuguesa. Deixamos aqui um exemplo. Era bom que estes SOS se propagassem.
4. Devido a alterações de programação da RTP 1, o quarto episódio da 6.ª série do programa Cuidado com a Língua! foi adiado para segunda-feira, dia 29 de Março.
5. Um trabalho em comum, é o que defende Isabel Alçada, ministra da Educação de Portugal. Assim sendo, é só preciso saber, então, com que métodos, recursos humanos e financiamento.
Que relação há entre o galego e o português: continuação histórica? Identidade?
Lindley Cintra, em 1984, incluiu na Nova Gramática do Português Contemporâneo os dialectos galegos como fazendo parte do português, e o Vocabulário da Língua Portuguesa integra palavras galegas. Porquê?
O galego foi, ou ainda é, uma língua? Os galegos são lusofalantes?
Vêm estas perguntas a propósito do recém-criado grupo no Facebook: EU APOIO A ACADEMIA GALEGA DA LÍNGUA PORTUGUESA. Vale a pena acompanhar a questão — que não é só linguística.
Este é um espaço de esclarecimento, informação, debate e promoção da língua portuguesa, numa perspetiva de afirmação dos valores culturais dos oito países de língua oficial portuguesa, fundado em 1997. Na diversidade de todos, o mesmo mar por onde navegamos e nos reconhecemos.
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