A propósito da grave crise financeira que assola Portugal, José Mário Costa sublinha no Pelourinho que a abreviação de Fundo Monetário Internacional, FMI*, costuma ser lida como sigla («efe-eme-i»), isto é, proferindo um a um os nomes das letras constituintes dessa forma.
* Em inglês, International Monetary Fund (IMF).
Tem sido mais ou menos consensual que as sete mil línguas do planeta possuem certos traços profundos comuns. Esta assunção remonta naturalmente a Noam Chomsky e aos conceitos de faculdade de linguagem e gramática universal: bastam apenas algumas regras generativas gerais para que possa ocorrer a montagem de todas as peças da estrutura fundamental de qualquer língua. Mas uma equipa liderada pelo neozelandês Russell Gray, da Universidade de Auckland, num estudo publicado muito recentemente na revista Nature, veio provar que não. Gray e os seus colaboradores examinaram 2000 línguas de quatro árvores genealógicas diferentes e constataram que os padrões de evolução linguística previstos por Chomsky não se verificaram.
Mais estudos virão a seguir a este, seguramente.
1. O contacto com a palavra escrita, com a grafia de sons difíceis de distinguir (fonemas das letras /b/ e /p/, /d/ e /t/, e /l/ e /r/ do português), devido à diferença de vozeamento (surdo/sonoro) — um problema com que os docentes de Português Língua Não Materna se debatem —, destaca-se como uma das «receitas» para os falantes da língua chinesa. Assim, pela prática de exercícios escritos, como técnica de memorização das palavras portuguesas, o público chinês, para quem muitos fonemas portugueses são indistintos, acederão ao domínio da escrita e da leitura, condição essencial para uma oralidade correcta.
2. O projecto Cata Livros, da responsabilidade da Fundação Calouste Gulbenkian, através da Casa da Leitura, abre as portas da sua página electrónica aos mais novos (dos 8 aos 15 anos) para a descoberta de um conjunto de títulos da literatura infanto-juvenil (com destaque para a produção nacional). Apostando no carácter lúdico e interactivo da leitura das narrativas e dos desafios propostos, este projecto estimula o alargamento dos horizontes culturais do público mais jovem.
3. Os heróis da escrita, que atravessam fronteiras e os tempos, têm destaque no programa Língua de Todos (da próxima sexta-feira, dia 15, às 13h15*, na RDP África; com repetição no dia seguinte, às 9h15*). D. Quixote de la Mancha — a figura lendária criada por Cervantes há quatro séculos, personagem incontestável que continua a preencher o nosso imaginário — e o polémico leitão Carnaval da Vitória, à roda do qual gira o enredo da novela Quem me dera ser onda, do escritor angolano Manuel Rui, estão presentes nas conversas em que o conceito de personagem é objecto de análise. Outro tema: os 10 anos da Fundação Vodafone que, entre outros apoios mecenáticos, é uma das entidades que viabilizam o serviço prestado pelo Ciberdúvidas da Língua Portuguesa. Por razões de programação especial da Antena 2, não haverá o programa Páginas de Português no domingo, 17 de Abril.
4. O léxico — o neologismo nerd; a distinção entre os verbos promulgar e homologar e partir e quebrar —, a pontuação – colocação da vírgula — e a sintaxe preenchem a nova actualização do consultório. Uma selecção dos conteúdos aqui em linha está também disponível no Facebook.
* Hora oficial de Portugal continental.
1. Na abertura do 15.º Colóquio da Lusofonia, que decorre em Macau, Evanildo Bechara, responsável pela aplicação do Acordo Ortográfico de 1990 no Brasil, considerou que a adopção da nova ortografia acarreta para o português brasileiro mais cedências do que para o português europeu: os brasileiros perdem o trema, o acento agudo nos ditongos tónicos de palavras graves como ideia (antes idéia) e o acento circunflexo em voo, enjoo e perdoo (que se escreviam, respectivamente vôo, enjôo e perdôo). O linguista português Malaca Casteleiro, que participa no referido colóquio, admitiu tais cedências, mas sublinhou que, no Brasil, a mudança tem menor impacto do que em Portugal, onde a perda das chamadas consoantes mudas afecta largo número de palavras de uso muito frequente.
2. O Centro de Linguística da Universidade Nova de Lisboa (Grupo Gramática & Texto) pretende recrutar um bolseiro de iniciação científica. O anúncio pode ser consultado aqui.
3. Tópicos relacionados com o léxico, a pronúncia, os provérbios e os estudos literários preenchem a nova actualização do consultório. Uma selecção dos conteúdos aqui em linha está também disponível no Facebook.
1. Não é infrequente a ocorrência de construções cruzadas, sendo um exemplo clássico o uso incorrecto de «ter a haver» em lugar de «ter que ver». Uma das novas respostas do consultório comenta justamente o resultado agramatical da amálgama de duas construções diferentes: «a mudança tem algo de complicado» e «para complicada já basta a mudança».
2. Voltamos a lembrar que o Ciberdúvidas também se encontra no Facebook, com uma selecção dos conteúdos aqui diariamente actualizados.
1. No Senegal, o português torna-se notícia, porque, em comparação com outros países, tem aí um estatuto privilegiado: é estudado desde cedo, no ensino médio, secundário e superior. Informação mais desenvolvida nas páginas do sítio do Instituto Camões.
2. Decorre na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, durante o mês de Julho de 2011, o curso de Verão Léxico e Dicionários. O programa pode ser consultado aqui.
3. O lugar de honra vai para a ortografia nas novas respostas do consultório, que abrangem ainda tópicos relativos à sintaxe e à morfologia. O Ciberdúvidas também se encontra no Facebook, com uma selecção dos conteúdos aqui diariamente actualizados.
1. Estão abertas as inscrições para o curso de Verão Análise linguística de textos literários, orientado pela Professora Helena Topa Valentim, da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.
2. Como se ensina a escrever? Quais os métodos mais eficazes e menos onerosos? São estas as perguntas de investigação a que Silvia M. Gasparian Colello tenta responder em Textos em Contextos - Reflexões sobre o Ensino da Língua Escrita, da editora Summus (Brasil).
3. A emissão do programa Cuidado com a Língua! de 11 de Abril (às 21h25, na RTP1*) tem como convidado o actor Rui Mendes e centra-se no tema dos faróis e faroleiros, bem como nas muitas e saborosas expressões linguísticas com eles relacionados. Por exemplo, a diferença — e as razões dela — entre faroleiro, farola e farolice. E, ainda, as armadilhas à volta do verbo intervir e da construção verbal «trata-se de». E qual a pronúncia recomendada de sintaxe? Finalmente: porque é que em Portugal vamos continuar a escrever facto, com o Acordo Ortográfico?
*Com repetição nos demais quatro canais da televisão pública portuguesa, ficando ainda disponível na página da RTP na Internet, no sistema podcast.
1. As tendências ditam a moda, universo da aparência que vive em (e de) constante mudança, criando o mito ilusório de uma certa arte efémera que se debate incansavelmente contra o (re)conhecido como padrão numa sociedade consumista que valoriza a imagem. Talvez por influência deste movimento pró-novidade que banaliza as variações que vão surgindo, a língua portuguesa tem sentido sinais de novas tendências que procuram afirmar-se pela frequência do uso, negligenciando a norma como peça ultrapassada. Por isso, de tanto convivermos com diversas formas de uma determinada estrutura linguística, é natural que se nos levantem dúvidas sobre o que é correcto, o que entra no domínio vago do aceitável e o que é, de facto, agramatical. As questões das regências — diz-se «tendência para», ou «tendência a»? —, do uso da palavra correcta — «dar a primeira/segunda mão de tinta» ou dar a primeira/segunda demão —, das formas de particípio passado de certos verbos — «fixo» ou «fixado» —, assim como a da adequação e oportunidade de determinadas expressões correntes — «andar de lado» —, nestes tempos de emergência contínua de variantes, assolam qualquer falante consciente da complexidade da língua.
2. O léxico — o significado e a origem da expressão «vinho frutado» — será objecto de análise no programa Língua de Todos (da próxima sexta-feira, dia 8, às 13h15*, na RDP África; com repetição no dia seguinte, às 9h15*), programa este que conta, também, com a rubrica Uma Carta É Uma Alegria da Terra, em colaboração com os CTT, Correios de Portugal.
Por sua vez, a emissão de Páginas de Português (de domingo, 10 de Abril, às 17h00, na Antena 2), a propósito da época pascal, será dedicada à relação da língua portuguesa com a gastronomia, marcada pela influência da culinária dos quatro cantos do mundo — da China à Índia, de África ao Brasil — onde a presença lusa se fez notar.
Ambos os programas se encontram também disponíveis em podcast, na página da rádio e da televisão públicas portuguesas, na Internet.
3. Na Montra de Livros, é apresentada a Moderna Gramática Portuguesa — actualizada pelo novo acordo ortográfico (2009) —, de Evanildo Bechara.
1. No Pelourinho, Paulo J. S. Barata comenta a estranha formação de "greciarizar" (em vez de grecizar), neologismo efémero mas bem elucidativo destes tempos de crise em Portugal.
2. «A língua portuguesa é, sem dúvida alguma, uma língua particularmente harmoniosa e musical» — disse Alberto d´Oliveira (1876-1940), escritor e poeta português, num texto divulgado na rubrica Antologia.
3. Assinale-se a publicação de um novo número da Revista Lusófona da Educação (Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias), que conta com a participação de especialistas em diversas temáticas do âmbito educativo. Como sugestão, leia-se o artigo de Óscar C. de Sousa, O desafio da Lusofonia: diversos falares, uma só escrita, sobre a ortografia como factor de unidade do mundo de língua portuguesa.
4. As novas respostas deste dia tratam de tópicos ligados sobretudo à toponímia e à morfologia. Uma selecção dos conteúdos aqui diariamente actualizados também se encontra no Facebook.
1. Porque se debatem os falantes portugueses com dúvidas sobre a pronúncia das vogais em sílabas átonas, enquanto quem fala português brasileiro nem sonha com tais perplexidades? A explicação tem que ver com numerosas excepções à regra do vocalismo átono do português europeu, muitas delas só aprendidas durante o processo de escolarização, assim se entendendo, por exemplo, que colite não se pronuncie "culite", mas, sim, "còlite", com ó aberto. A fonética e a fonologia são, portanto, um tema em foco nas novas respostas do consultório, nas quais a sintaxe tem lugar de igual relevo.
2. O Ciberdúvidas também pode ser acompanhado no Facebook, onde se disponibiliza uma selecção dos conteúdos aqui diariamente actualizados.
Este é um espaço de esclarecimento, informação, debate e promoção da língua portuguesa, numa perspetiva de afirmação dos valores culturais dos oito países de língua oficial portuguesa, fundado em 1997. Na diversidade de todos, o mesmo mar por onde navegamos e nos reconhecemos.
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