1. Vamos imaginar que o consulente está a ler (ou a reler, como agora sói dizer-se) a Confissão de Lúcio, de Mário de Sá-Carneiro. Encontra-se nesta passagem:
«Com efeito, ainda hoje, às tardes maceradas, eu não sei evitar numa reminiscência longínqua a saudade violeta de certa criaturinha indecisa que nunca tive, e mal roçou pela minha vida. Por isto só: porque ela me beijou os dedos; e um dia, a sorrir, defronte dos nossos amigos, me colocou em segredo o braço nu, mordorado, sobre a mão.»
É fundamental o significado de mordorado para o entendimento da sequência? Não é. Mas mordorado dá não só a imagem perfeita do braço nu, como também o filtro cultural de época para o contemplar.
2. Há registos em que se pratica a elisão da conjunção que numa completiva. Saiba quais.
3. Como saber que um adjetivo, verbo ou nome subcategoriza um complemento quando o teste de supressão de constituinte não resulta na agramaticalidade da frase?
Já está em linha a listagem bibliográfica sobre o português de São Tomé e Príncipe, da responsabilidade da Cátedra de Português Língua Segunda e Estrangeira (Instituto Camões – Universidade Eduardo Mondlane, Moçambique).
Foi a primeira medida do novo presidente do Centro Cultural de Belém, em Lisboa, Vasco Graça Moura, um opositor declarado do Acordo Ortográfico e da sua adoção em Portugal. A suspensão do Acordo Ortográfico no CCB, que vigorava desde setembro de 2011, conforme diretiva do seu antecessor, António Mega Ferreira, no cumprimento da Resolução n.º 8/211, do Governo anterior. A notícia é do jornal Público — e pode ser lida na íntegra aqui (assim como o comentário do embaixador Francisco Seixas da Costa, A brigada do asterisco, no blogue Duas ou três coisas). Ela refere ainda a iniciativa de três deputados do PSD, principal partido do atual Governo português, eleitos pelo círculo eleitoral dos Açores, no sentido da suspensão também na restante administração pública do país.
Ainda em Portugal, noticiava o semanário Sol de há uma semana, um pai está a tentar impedir que a filha de oito anos aprenda português com as novas regras do Acordo Ortográfico (AO). É só pena não haver uma mobilização idêntica para o facto de os alunos da escolaridade básica e secundária terem um desempenho global na expressão escrita muito aquém das médias de desempenho internacionais, com ou sem nova ortografia.
Por seu turno, no Brasil, foi interposta uma ação contra a Academia das Letras Brasileira e o Estado, da responsabilidade do movimento popular Acordar Melhor.
Há temas recorrentes aqui no consultório. Na atualização deste dia são visados temas clássicos:
• a mesóclise:
«Ele trá-lo-ia»
Dir-te-ia
Contatá-lo-emos
Sobre enviar-to-ei
Far-vo-la-ei
«Interpretá-las-á»
Fá-lo-ei, indubitavelmente, etc.
Trar-te-ão
«Contatá-lo-emos» + «ter-vo-las-íamos enviado»
• o uso do infintivo flexionado/não flexionado:
O uso do infinitivo
A concordância do infinitivo: «estudar/estudarem»
O uso dos infinitivos (pessoal e impessoal)
Oração adverbial com infinitivo flexionado e não flexionado
Sobre exemplos de infinitivo não flexionado
Sobre o infinitivo pessoal, outra vez
Uso obrigatório do infinitivo flexionado
Infinitivo flexionado: «... serem tomadas»
Infinitivo pessoal ou flexionado
Infinitivo flexionado, outra vez
Infinitivo flexionado
• as expressões definidas nos topónimos
«Vou ao Moledo...»
Topónimos + clubes: porquê o masculino ou o feminino?
Na Anadia ou em Anadia?
O artigo definido e os estados brasileiros
«Eu fui a Porto Santo» + «Eu fui ao Porto Santo»
“Em” Babiló[ô]nia ou "na" Babiló[ô]nia?
Cuba (Alentejo)/Cubanos
Da/na Azambuja
• as facultatividades no Acordo Ortográfico
As grafias húmido (PE) e úmido (PB)
Humidade vs. umidade
O Acordo Ortográfico e a utilização do h no início das palavras
etc.
Muitos dos nossos consulentes dirigem-se-nos na urgência de saber, entre X e Y, qual a forma correta. Não raro, a resposta é... ambas.
Foi o que aconteceu na resposta de Carlos Rocha nesta atualização, sobre a supressão facultativa do pronome em completivas não finitas com verbo causativo na oração superior, mas também em respostas anteriores — e que percorrem todas as áreas dos estudos linguísticos:
Vende-se ou vendem-se?
Viva os tremoços
O uso do pronome em posição enclítica ou proclítica
Desfiliação e desafiliação
«Ouviu chamar/chamarem»
A regência do verbo assegurar
A grafia do nome da capital da Islândia
Deliberar + indicativo e conjuntivo
O conjuntivo e o indicativo nos verbos de opinião
Febra/fêvera
«Era para irmos» e «éramos para ir»
Ainda «Vou a tua casa» e «Vou à tua casa»
«Ter certeza» e «ter a certeza»
Ortografia: rotura e rutura/ruptura
«Esta semana» e «nesta semana»
etc.
A Ciberescola da Língua Portuguesa tem como núcleo duro uma base de dados robusta de exercícios interativos, a realizar online, mas tem também exercícios em PDF, para imprimir. Estes exercícios estão na secção Cibercursos, página de apoio à realização de cursos a distância, que também contém uma área de apoio ao professor de português língua estrangeira. Todas as semanas, esta secção é atualizada com novas entradas. Exercícios sobre colocações que envolvem a palavra vez e vista (rubrica Fichas de exercícios) e uma notícia adaptada — Mulheres são melhores a estacionar do que os homens —, com glossário (rubrica Antologia) foram as últimas entradas.
As alterações na grafia ditadas pelo novo Acordo Ortográfico implicaram, em algumas situações, uma classificação diferente no domínio das classes das palavras. Exemplo disso, e que tem gerado algum inconformismo, é o caso dos meses, hoje escritos com minúscula.
De facto, a atual terminologia linguística, adotada pelo Ministério de Educação português, tendo como referência o Dicionário Terminológico, tem sido dos domínios privilegiados de reflexão no Consultório, sobretudo na área da sintaxe e da classe das palavras. Não há dúvida de que os modificadores (como os de verbo, os apositivos), os complementos oblíquos... modificaram o que estava estabelecido pela gramática tradicional.
Numa frase copulativa com um constituinte oracional, como identificar o sujeito?
Sugerimos uma pequena ronda pelas respostas que temos sobre o assunto:
Oração infinitiva como sujeito
Oração de infinitivo numa frase identificacional
Frases identificacional e atributiva: «a dose é 10 mg» vs. «a dose é de 10 mg»
O sujeito de «Viver é lutar» e «Fumar é proibido»
A sintaxe tem vindo a afirmar-se neste consultório como área de eleição dos consulentes, principalmente no que toca a perguntas vindas de professores e alunos.
Neste dia, damos destaque a um tópico: O que é uma estrutura clivada? Para que servem os processos de clivagem? Nas outras línguas românicas, há processos equivalentes?
Deixamos um punhado de respostas complementado com alguns artigos:
O uso da expressão «é que»
Construção clivada
Que, operador da construção clivada
A função sintática do pronome relativo numa construção clivada
O pronome quem em construções clivadas
Ainda a construção «ser… quem/que…» (construção de clivagem)
Tu é que és
Na sequência do convite dos professores Alexandra Batalha, José Cunha e Carlos Rocha, da Escola Secundária Cacilhas-Tejo, Ana Sousa Martins teve a oportunidade de orientar um workshop sobre as potencialidades da Ciberescola da Língua Portuguesa. As reações dos professores foram realmente gratificantes.
Este é um espaço de esclarecimento, informação, debate e promoção da língua portuguesa, numa perspetiva de afirmação dos valores culturais dos oito países de língua oficial portuguesa, fundado em 1997. Na diversidade de todos, o mesmo mar por onde navegamos e nos reconhecemos.
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