A narrativa é a tipologia de texto mais praticada e estudada ao longo de séculos. As histórias são tão antigas como o Homem.
A razão disso está na ligação temporal-causal que o discurso narrativo faz entre eventos, na estruturação unificada por laços de pertinência e causalidade, na composição harmoniosa de elementos heterogéneos, permitindo aproximar o indivíduo de uma inteligibilidade da realidade circundante.
Na atualização deste dia, reflete-se sobre a diferença entre duas técnicas da arte narrativa: a elipse e a prolepse.
Um dos temas privilegiados do Consultório tem sido a etimologia onomástica (da antroponímia — os nomes próprios, dos apelidos e nomes de família; da toponímia — da península, da cidade, da vila, da aldeia e de outros locais de referência, assim como a das ruas), índice revelador da necessidade dos falantes de conhecerem melhor o seu espaço de pertença, recorrendo à língua, a pátria comum a um universo alargado a todos quantos a sentem como sua.
Tal como qualquer falante comum, num texto publicado em O Nosso Idioma, José Saramago verbaliza essa sede de regresso às origens de Lisboa, como forma de aceder a um passado que se mantém na bruma. Como se chegou da Olisippo pré-romana e romana à atual grafia da capital do país que gerou e espalhou a língua portuguesa?
Onde reside a necessidade de os profissionais da língua conhecerem os termos (e noções) constantes no Dicionário Terminológico? Para os professores de português em Portugal, a resposta parece óbvia: porque assim deve ser por força da entrada em vigor dos novos programas (que integram a nova terminologia). Mas há uma razão que subjaz a essa: é que, conhecendo os novos termos, o professor (ou jornalista, ou tradutor, ou editor, etc.) tem posterior acesso a bibliografia atualizada — gramáticas atualizadas, publicações de especialidade e artigos científicos.
Também por isso era útil a tradução de todos os termos linguísticos para inglês e francês, tal como constava na proscrita TLEBS, a antecessora do Dicionário Terminológico.
Veja-se que só pela consulta da atualização de hoje, por exemplo, o consulente encontra as noções de conversão e de advérbio relativo.
Uma coisa é a designação dada pelos estudos filológicos à língua escrita durante a Idade Média no Norte de Portugal e na Galiza; outra coisa é o termo (ou termos) vigente na época para designar a língua — oral ou escrita — dessa(s) comunidade(s). É esta a reflexão que nos traz a resposta Galego-português e galego medieval.
1. Vamos imaginar que o consulente está a ler (ou a reler, como agora sói dizer-se) a Confissão de Lúcio, de Mário de Sá-Carneiro. Encontra-se nesta passagem:
«Com efeito, ainda hoje, às tardes maceradas, eu não sei evitar numa reminiscência longínqua a saudade violeta de certa criaturinha indecisa que nunca tive, e mal roçou pela minha vida. Por isto só: porque ela me beijou os dedos; e um dia, a sorrir, defronte dos nossos amigos, me colocou em segredo o braço nu, mordorado, sobre a mão.»
É fundamental o significado de mordorado para o entendimento da sequência? Não é. Mas mordorado dá não só a imagem perfeita do braço nu, como também o filtro cultural de época para o contemplar.
2. Há registos em que se pratica a elisão da conjunção que numa completiva. Saiba quais.
3. Como saber que um adjetivo, verbo ou nome subcategoriza um complemento quando o teste de supressão de constituinte não resulta na agramaticalidade da frase?
Já está em linha a listagem bibliográfica sobre o português de São Tomé e Príncipe, da responsabilidade da Cátedra de Português Língua Segunda e Estrangeira (Instituto Camões – Universidade Eduardo Mondlane, Moçambique).
Foi a primeira medida do novo presidente do Centro Cultural de Belém, em Lisboa, Vasco Graça Moura, um opositor declarado do Acordo Ortográfico e da sua adoção em Portugal. A suspensão do Acordo Ortográfico no CCB, que vigorava desde setembro de 2011, conforme diretiva do seu antecessor, António Mega Ferreira, no cumprimento da Resolução n.º 8/211, do Governo anterior. A notícia é do jornal Público — e pode ser lida na íntegra aqui (assim como o comentário do embaixador Francisco Seixas da Costa, A brigada do asterisco, no blogue Duas ou três coisas). Ela refere ainda a iniciativa de três deputados do PSD, principal partido do atual Governo português, eleitos pelo círculo eleitoral dos Açores, no sentido da suspensão também na restante administração pública do país.
Ainda em Portugal, noticiava o semanário Sol de há uma semana, um pai está a tentar impedir que a filha de oito anos aprenda português com as novas regras do Acordo Ortográfico (AO). É só pena não haver uma mobilização idêntica para o facto de os alunos da escolaridade básica e secundária terem um desempenho global na expressão escrita muito aquém das médias de desempenho internacionais, com ou sem nova ortografia.
Por seu turno, no Brasil, foi interposta uma ação contra a Academia das Letras Brasileira e o Estado, da responsabilidade do movimento popular Acordar Melhor.
Há temas recorrentes aqui no consultório. Na atualização deste dia são visados temas clássicos:
• a mesóclise:
«Ele trá-lo-ia»
Dir-te-ia
Contatá-lo-emos
Sobre enviar-to-ei
Far-vo-la-ei
«Interpretá-las-á»
Fá-lo-ei, indubitavelmente, etc.
Trar-te-ão
«Contatá-lo-emos» + «ter-vo-las-íamos enviado»
• o uso do infintivo flexionado/não flexionado:
O uso do infinitivo
A concordância do infinitivo: «estudar/estudarem»
O uso dos infinitivos (pessoal e impessoal)
Oração adverbial com infinitivo flexionado e não flexionado
Sobre exemplos de infinitivo não flexionado
Sobre o infinitivo pessoal, outra vez
Uso obrigatório do infinitivo flexionado
Infinitivo flexionado: «... serem tomadas»
Infinitivo pessoal ou flexionado
Infinitivo flexionado, outra vez
Infinitivo flexionado
• as expressões definidas nos topónimos
«Vou ao Moledo...»
Topónimos + clubes: porquê o masculino ou o feminino?
Na Anadia ou em Anadia?
O artigo definido e os estados brasileiros
«Eu fui a Porto Santo» + «Eu fui ao Porto Santo»
“Em” Babiló[ô]nia ou "na" Babiló[ô]nia?
Cuba (Alentejo)/Cubanos
Da/na Azambuja
• as facultatividades no Acordo Ortográfico
As grafias húmido (PE) e úmido (PB)
Humidade vs. umidade
O Acordo Ortográfico e a utilização do h no início das palavras
etc.
Muitos dos nossos consulentes dirigem-se-nos na urgência de saber, entre X e Y, qual a forma correta. Não raro, a resposta é... ambas.
Foi o que aconteceu na resposta de Carlos Rocha nesta atualização, sobre a supressão facultativa do pronome em completivas não finitas com verbo causativo na oração superior, mas também em respostas anteriores — e que percorrem todas as áreas dos estudos linguísticos:
Vende-se ou vendem-se?
Viva os tremoços
O uso do pronome em posição enclítica ou proclítica
Desfiliação e desafiliação
«Ouviu chamar/chamarem»
A regência do verbo assegurar
A grafia do nome da capital da Islândia
Deliberar + indicativo e conjuntivo
O conjuntivo e o indicativo nos verbos de opinião
Febra/fêvera
«Era para irmos» e «éramos para ir»
Ainda «Vou a tua casa» e «Vou à tua casa»
«Ter certeza» e «ter a certeza»
Ortografia: rotura e rutura/ruptura
«Esta semana» e «nesta semana»
etc.
A Ciberescola da Língua Portuguesa tem como núcleo duro uma base de dados robusta de exercícios interativos, a realizar online, mas tem também exercícios em PDF, para imprimir. Estes exercícios estão na secção Cibercursos, página de apoio à realização de cursos a distância, que também contém uma área de apoio ao professor de português língua estrangeira. Todas as semanas, esta secção é atualizada com novas entradas. Exercícios sobre colocações que envolvem a palavra vez e vista (rubrica Fichas de exercícios) e uma notícia adaptada — Mulheres são melhores a estacionar do que os homens —, com glossário (rubrica Antologia) foram as últimas entradas.
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