1. Portugal enfrenta, uma vez mais, uma crise política que pode conduzir a um novo cenário de eleições legislativas. A 11 de março, o governo apresenta à Assembleia da República uma moção de confiança, cuja votação poderá desencadear novas eleições. O substantivo moção, palavra em destaque nesta semana, refere-se a uma «proposta formal apresentada a uma assembleia para que seja discutida e votada»1. Do ponto de vista histórico, a palavra terá entrado no português por via do termo inglês motion, que o herdou do homónimo francês motion. A palavra francesa derivou diretamente do vocábulo latino mōtĭo, ōnis, que descrevia a «ação de mover» ou o «impulso». Terá sido com este último sentido que entrou no inglês, tendo sido usado com o valor de «sugestão, proposta» e, deste modo, ajustada ao contexto político de apresentação de uma proposta a uma assembleia. Com o nome moção, vemos surgir verbos de valoração positiva, como aprovar, viabilizar, ou de valoração negativa, como rejeitar, desaprovar ou chumbar. É também usada frequentemente a estrutura «votar (des)favoravelmente». Uma moção pode ser apresentada pelo governo e tratar-se-á de uma «moção de confiança», que pede à Assembleia da República a aprovação de um voto de confiança; ou pode ser apresentada pelos partidos da oposição, assumindo-se como «moção de censura», um mecanismo de reprovação da ação governamental ou, sendo votada pela maioria, um processo que desencadeia a queda do governo. Deste modo, as palavras confiança e censura colocam-se igualmente no centro da vida política portuguesa, o que leva a consultora Inês Gama a explorar, num apontamento de fundo lexical, a sua história e significado, num dia que pode ditar um recomeço político em Portugal numa altura de densa crise mundial. O resultado da votação da moção de confiança poderá deixar, assim, espaço aberto para uma nova incursão ao campo lexical das eleições.
1. Infopédia
2. No Consultório, analisam-se as possibilidade de concordância da locução «poder ser» a par da possibilidade de colocação dos pronomes átonos em frases de natureza optativa. Para além destas áreas, poderão ainda ser consultadas respostas a questões relacionadas com a validação da palavra ticar, com a pronúncia de Hamurabi e com a pontuação a usar após o advérbio eis. Por fim, apresenta-se a análise sintática dos constituintes presente no grupo nominal «o mundo da arte».
3. A expressão «cair o Carmo e a Trindade» guarda consigo momentos do terramoto que, em 1755, abalou Lisboa, tal como nos explica a consultora Inês Gama na rubrica Desafio semanal (divulgada no programa Páginas de Português, na Antena 2).
4. O pretérito mais-que-perfeito simples do indicativo é um tempo/modo pouco usado. Mas poderá este facto significar que se trata de uma forma "morta"? É a resposta a esta questão que gera uma controvérsia no âmbito da qual o linguista brasileiro Fernando Pestana procura comprovar, por meio de exemplos, que os usos ainda asseguram a vitalidade do pretérito mais-que-perfeito (apontamento divulgado no mural Língua e Tradição e aqui partilhado com a devida vénia).
5. Entre as notícias relacionadas com a língua, destacamos:
– A decisão do governo timorense de aprovar mais de 155 mil dólares para promover língua portuguesa (notícia);
– A decisão do presidente americano Donald Trump de proibir, em textos institucionais, o uso de certas palavras/expressões (como mulher, «saúde mental», inclusão, sexo) ou de determinados termos relacionados com género, diversidade, inclusão e saúde.