1. Os acontecimentos mediáticos convocam muito frequentemente termos específicos através dos quais se procura descrever a realidade em questão. As situações menos frequentes ou mesmo inusitadas podem exigir a criação de novos vocábulos, o recurso à extensão semântica ou a recuperação de palavras que não integram o léxico ativo dos falantes. Todavia, a utilização de palavras com as quais se contacta menos frequentemente pode gerar uma opacidade semântica que dificulta a interpretação ou pode levar à dúvida no momento da seleção do vocábulo. Esta última realidade parece justificar a hesitação que se tem verificado na utilização das palavras endogamia e nepotismo como forma de descrever a existência de relações familiares entre membros do Governo português, a polémica que caracteriza a atual situação política em Portugal. A consultora Carla Marques deixa a sua sugestão relativamente ao termo mais adequado, num apontamento disponível em O Nosso Idioma.
2. O Acordo Ortográfico de 1990 determinou algumas alterações no campo da acentuação de que são exemplo a forma verbal para ou os nomes pelo ou pera. A professora Lúcia Vaz Pedro traz-nos uma síntese que recorda algumas das mudanças que tiveram lugar e algumas grafias que se mantêm.
3. Quando uma marca registada é assumida como designação do próprio produto, podem colocar-se problemas relacionados com a grafia e com a pronúncia do vocábulo. É esta a questão levantada pela generalização da marca comercial X-ACTO® enquanto nome comum de um objeto. Um problema cujos contornos são analisados no Consultório. Entre as respostas que integram a nova atualização, encontramos ainda a divisão das orações de duas frases («Amanheceu chovendo» e «É difícil ver ou prever que todos veem menos programas generalistas») e a identificação das primeiras referências escritas à expressão «ser burro de Vicente».
4. Entre os acontecimentos relacionados com a língua, registe-se a análise de publicações de tradução em França no ano de 2018, divulgada pela revista Livres Hebdo, que refere que a língua portuguesa apresentou um aumento de 47% no número de traduções em França.
5. Os programas produzidos pelo Ciberdúvidas para a rádio pública portuguesa trazem à antena o professor universitário Tjerk Hagemeijer (Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa ), para falar sobre a situação linguística em São Tomé e Príncipe (no programa Língua de Todos, emitido na RDP África, na sexta-feira, dia 29/03, depois do noticiário das 13h00*, com repetição no dia seguinte, pelas 9h15), e Paulo Feytor Pinto, professor do Ensino Secundário, acompanhado de Sílvia Melo-Pfeifer, professora da Universidade de Hamburgo, que vêm apresentar a obra que coordenaram, Políticas Linguísticas em Português (LIDEL), uma publicação que visa dar a conhecer as políticas linguísticas dos países africanos de língua oficial portuguesa, assim como as de Portugal, do Brasil e da cidade de Macau (no programa Páginas de Português, transmitido na Antena 2, no domingo, dia 31/03, às 12h30 *, com repetição no sábado seguinte, dia 6 de abril, às 15h30*).
* Hora oficial de Portugal continental, ficando ambos os programa disponíveis posteriormente, aqui e aqui.