Na frase em questão, estão presentes duas orações subordinadas completivas que funcionam em níveis diferentes:
(i) oração subordinada substantiva completiva não finita: «ver ou prever que todos veem menos programas generalistas»1 - esta oração é selecionada pelo adjetivo difícil e desempenha a função de sujeito;
(ii) oração subordinada substantiva completiva finita: «que todos veem menos programas generalistas» - esta oração é subordinada dos verbos coordenados «ver ou prever» e desempenha a função de complemento direto destes verbos.
É de referir ainda que a oração completiva indicada em (i) tem no seu interior uma estrutura coordenada, sendo o segundo termo uma oração coordenada disjuntiva («prever que todos veem menos programas generalistas»). Acrescente-se, ainda, que a primeira oração se reduz à forma verbal ver porque no seu interior ocorre uma elipse da sua oração completiva por esta ser idêntica à oração completiva da forma verbal prever, numa estrutura que se pode representar da seguinte forma:
(1) «[ [ver [-] ] ou [prever [que todos veem menos programas generalistas] ] ]»
= «[ [ver [que todos veem menos programas generalistas] ] ou [prever [que todos veem menos programas generalistas] ] ]»
1. Poder-se-ia considerar que a estrutura em causa corresponde não a um mas a dois constituintes e, portanto, a duas funções sintáticas. No entanto, uma vez que estamos perante uma estrutura coordenada, consideramos, como Matos, que «nos casos canónicos, os termos de uma estrutura coordenada apresentam a mesma categoria […], e cada termo coordenado participa numa estrutura que no seu todo detém uma única função sintáctica e semântica» (cf. Mira Mateus et al., Gramática da Língua Portuguesa. Caminho, pp. 578).