1. Sem negar o papel da intuição na fala e na escrita, os juízos de correção linguística têm sustentação frágil quando simplesmente baseados na maneira como a cada qual soa esta palavra ou aquela frase. É frequente resvalar para apreciações difíceis de generalizar ou confirmar; e, curiosamente, esta atitude não é alheia à doutrina e à tradição prescritivas, com autores e visões por vezes em conflito. Por isso, vale a pena refletir um pouco – como se faz na presente atualização do consultório – acerca do substantivo início, cuja sinonímia com começo certa perspetiva normativa tem querido condenar. Também em dúvida o emprego das preposições com verbos, focando a associação da preposição de ao verbo usar («usar de prudência»). Finalmente, uma resposta traz de novo o tema da concatenação dos tempos verbais entre orações subordinantes e orações subordinadas, ao focar as orações condicionais.
2. O português convive frequentemente com outros idiomas, gerando situações de bilinguismo. Um consulente do Rio de Janeiro escreveu-nos para chamar a nossa atenção para um interessante trabalho publicado no blogue Isto é Japão! Vivendo e aprendendo... sobre o discurso híbrido que é característico da comunidade brasileira radicada no Japão (os chamados decasséguis). Recheado de palavras e expressões de origem nipónica, o "decasseguês" constitui um fenómeno interlinguístico muito interessante; um exemplo: «Tudo genki desuka?» (para saber o significado, consultar aqui).