Imagino, prezado consulente, que o seu protesto seja originado pela resposta que subscrevo intitulada A nova terminologia e a coordenação. Assumindo que assim é, não entendo a crítica que faz no que diz respeito às gramáticas estrangeiras… Como creio que o consulente é brasileiro – pelo menos a sua ortografia assim me permite concluir – não poderá estar a referir-se à de Evanildo Bechara. Como as outras duas obras citadas são de portugueses… Quais são, afinal, os gramáticos estrangeiros? Quanto ao reparo que faz, peço desculpa a si e a todos os leitores, pois com a preocupação de demonstrar como o problema da coordenação é menos simples do que parece, acabei por não ser muito rigorosa na explicação. Antes de mais, porque as conjunções também são, segundo muitos estudiosos, conectores. Os conectores estabelecem ligação entre palavras, muitas vezes entre frases, e também entre partes de texto. Portanto, chamar conector a pois não é «tratá-lo mal». Nem creio que inseri-lo na subordinação em vez de estar na coordenação o seja…Depois, porque a escolha do exemplo que permite distinguir as conjunções dos outros conectores não foi feliz, se tivermos em conta que a palavra em apreço era pois, que tem, neste como noutros aspectos, um comportamento distinto de porém. Até porque é mais difícil encontrar alguém para quem a relação estabelecida por porém seja, ou possa ser, subordinativa…Reconheço que a classificação de alguns conectores e a sua inserção no grupo da coordenação ou no da subordinação não é pacífico. Na pág. 569 da Gramática da Língua Portuguesa, 5.ª edição, de Mira Mateus e outras, Gabriela Matos aponta cinco propriedades formais que caracterizam uma conjunção coordenativa. Esta estudiosa, como a maioria, integra nas conjunções coordenativas só os conectores que preencham essas cinco condições. Outros estudiosos defendem que a divisão entre subordinação e coordenação é limitativa e força a classificação em algumas situações. Poderá ver, por exemplo, o que diz João Andrade Peres, num artigo intitulado “Sobre Conexões Proposicionais em Português”, inserido na obra O Sentido Que a Vida Faz, Porto, Campo das Letras – Editores, SA, 1997. Termino reafirmando que as explicativas já no início do séc. XX eram consideradas subordinadas – por Epifânio, um português dos quatro costados –, o que não impede que mantenham o mesmo sentido semântico. O que está em causa é, tão-somente, a relação de hierarquia que se estabelece entre as duas frases. E muita saúde e longa vida para o pois!