DÚVIDAS

A tropa no feminino

A propósito da guerra no Iraque, tem vindo à colação as patentes militares (masculinas pela tradição) com mulheres já assumindo cargos antes só de homens. Veja-se o caso americano, especialmente este caso muito mediatizado da soldado (ou soldada?) Lynch, resgatada num hospital-prisão iraquiano.

A minha dúvida é exactamente a feminização dessas patentes militares (aliás, à imagem de outras situações de profissões/títulos antes coutada só de homens, como, por exemplo, presidente/a, primeira-ministra, ministra, secretário/a de Estado, comissário/a, vereador/a, embaixadora, arquitecto/a, engenheiros/as, médico/a, bombeiro/a, etc., etc.).

Ou seja: porque não escrevermos e dizermos já soldada, marinheira, aviadora, sargenta, tenenta, capitã, majora, coronela, generala e marechala, sempre que for uma mulher com essas patentes?

Gostaria de um esclarecimento de um dos vossos ilustres consultores.

Resposta

Soldada, que eu saiba, ainda não se emprega para pessoas; trata-se de quantia ou estipêndio, antigamente de militares e depois sobretudo de empregados rurais. Marinheira, além do nome de certa ave, bem poderia usar-se, mas julgo que não é adoptado.

Não há qualquer óbice para evitar aviadora, bem como coronela, generala e marechala, se bem que estes três últimos termos se apliquem mais às mulheres dos coronéis, generais e marechais. Sargenta seria o feminino lógico de sargento, mas nunca ouvi nem li tal palavra.

Acho desnecessário tenenta, visto a terminação -ente dar para substantivos femininos como aguardente, patente, etc., além de os adjectivos assim acabados serem uniformes em género (valente, sapiente, pendente, etc.).
Antigamente havia capitaina e capitoa, nome dado às naus que encabeçavam uma frota, e capitoa, sobretudo, igualmente se aplicava às mulheres. Nunca encontrei capitã, que considero desnecessário.

Quanto a majora não se justifica também, dado que assenta em maior, que é sempre uniforme em género.

Já agora: embaixadora é o que se diz actualmente daquela que exerce funções de embaixador, sendo que embaixatriz se reserva mais para a mulher deste.

Cf. Governo substitui “direitos do Homem” por “direitos humanos”

A linguagem inclusiva, esse "perigo público"

ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa