Como já aqui se referiu em perguntas anteriores [cf. Textos Relacionados], as regras do uso do hífen nas palavras compostas são das mais complexas na ortografia portuguesa. É tal a diversidade (e discrepância) que a sua simplificação está prevista no novo Acordo Ortográfico de 1990. Até lá, vigoram as mais de 50 (!) condições sistematizadas na Convenção Ortográfica Luso-Brasileira de 1945. Qualquer gramática ou prontuário ortográfico as regista.
É o caso dos vocábulos antecedidos do prefixo supra, que levam hífen só quando o segundo elemento possui vida própria e começa por vogal, h, r ou s: supra-axilar, supra-hepático, supra-renal, supra-sumo; mas: supracitado, supradito, supranatural, supratorácico, etc.
É uma regra seguida em geral nalguns termos da linguagem médica, como os mencionados pelo consulente Pedro Pinto, antecedidos do mesmo género de prefixo. Como osteo é um prefixo de origem grega (que exprime a ideia de "osso"), escreve-se: osteo-articular; mas osteoblasto, osteócito, osteogenia, osteoma, osteoporose, etc., etc.
Noutros casos de compostos foneticamente distintos, Rebelo Gonçalves estabeleceu a seguinte regra geral, no seu (esgotadíssimo, infelizmente) "Tratado de Ortografia": levam sempre hífen, quando implicam uma "aderência de sentidos". Ex.: ítalo-americano, luso-africano, físico-químicas, etc.
Já noutras situações, porém, o composto de dois vocábulos há muito se individualizou como conceito próprio, assumindo por isso uma só palavra: geoestratégia, socioeconómico, psicossocial, por exemplo.
N.E. – Sobre os critérios de hifenização depois da entrada em vigor Acordo Ortográfico de 1990, acompanhe-se a explicação do gramático brasileiro Sérgio Nogueira em registo de vídeo: