Hífen: novo acordo
Ao deambular pela vossa página, que reputo de extremamente útil e interessante, e à qual já recorri algumas vezes, deparei com várias respostas a problemas de ortografia relacionados com o uso do hífen. Segundo a vossa opinião, baseada na respectiva regra, datada de 1945, dever-se-á escrever "porto-cava", "hepato-renal", "porto-sistémico", "supra-renal". E, pela mesma lógica, com certeza, "hepato-esplénico" e "intra-esplénico". Mas, ao mesmo tempo, consideram correctas as formas "coorientar", "multiatributo", "electroencefalograma", "electroíman", "subsecção".
Convenhamos que é confuso. Parece-me haver necessidade de rever estas regras, que, na verdade, quase nem chegam a sê-lo... Pois foi isso mesmo que foi feito, no Acordo Ortográfico de 1994, aliás também por vós citado, referindo continuar bloqueado. Esse Acordo teve em conta, nesta matéria, principalmente a maneira como as palavras tradicionalmente com hífen têm vindo a ser escritas, muito em especial nas áreas técnica e científica. A grafia "electroencefalograma", "electroíman", "coorientador", como "suprarrenal", "gastroenterologia", "neurorradiologia", "hepatorrenal", "aeroespacial", "antiaéreo", "coeducação", "autoconhecimento", "agropecuária", "microondas", "alveolodental", "intraocular", "portocava", é demasiadamente corrente para estar redondamente errada.
A língua é um instrumento dinâmico, que ganha vida com quem a fala e escreve. E, à semelhança do patrão, regras impertinentes tornam os seus utilizadores desobedientes... O referido Acordo trouxe uma simplificação, e uma clarificação, notáveis à regra em questão, e que tão necessárias eram.
Neste campo, se não for posto em execução oficialmente, acabará por sê-lo na prática. Seria bom que na vossa página se alertasse para as mudanças iminentes, especialmente porque as confusões nesta área desaparecerão.
