De facto, entre as conjunções/locuções conjuncionais introdutoras de orações subordinadas adverbiais temporais, há algumas que coocorrem tanto com o modo indicativo como com o conjuntivo. Na Gramática do Português (Fundação Calouste Gulbenkian, 2013: 1982-2007), por exemplo, são identificadas as seguintes: «até que» (com indicativo, é designada de «oração temporal narrativa»), quando, «logo que», «assim que», mal, «(de) todas as vezes que», «(de) cada vez que», «sempre que», «à medida que», enquanto.
Na mesma gramática (p. 673), diz-se, sobre o modo, que «realiza no sistema verbal valores do sistema da modalidade, entendida como a atitude que o enunciador ou (no caso de uma frase complexa) a entidade referida pelo sujeito da oração principal expressa relativamente ao estado de coisas descrito».
Assim sendo, nos casos em que se admite mais do que um modo verbal, a opção por um ou por outro depende da atitude face ao conteúdo proposicional da oração subordinada. Ou seja, sempre que se pretende veicular um valor mais factual, usa-se o indicativo; já quando não se pretende ou não se pode atribuir esse valor a uma proposição, opta-se pelo conjuntivo. Esta diferença é visível em cada um dos pares de enunciados abaixo, apresentados a título de exemplo:
a) «Assim que cheguei, telefonei-te.»/«Assim que chegar, telefono-te.»
b) «Quando vim a Lisboa, avisei toda a gente.»/«Quando vier a Lisboa, aviso toda a gente.»
c) «Sempre que precisas, ajudo-te.»/«Sempre que precises, ajudo-te.»
Note-se que parece haver uma tendência para usar o conjuntivo nos casos em que o verbo da oração subordinada se refere a uma ação posterior ao momento da enunciação. É, aliás, por isso que o presente na oração subordinante tem, na verdade, um valor de futuro, podendo ser substituído por telefonar-te-ei, avisarei e ajudar-te-ei, respetivamente.