O vocábulo inglês governance pode ser traduzido por governança, que etimologicamente tem afinidade com aquele e está há muito tempo atestada em português, embora com sentido pejorativo, pelo menos, em português de Portugal. Não obstante, os dicionários gerais definem governança como sinónimo de governo e governação, sendo este o termo que tradicionalmente tem sido mais usado em Portugal, quando se pretende referir o «ato de governar». E, de facto, a palavra governance, embora ande traduzida como governança, é também muitas vezes posta em correspondência com governação (ver sítio Linguee).
Contudo, observe-se que a palavra governança foi entretanto recuperada como decalque do termo governance, que tem abundante uso em textos de ciência política e em textos programáticos emanados de instituições internacionais. Acresce que há investigadores e comentadores que distinguem governança de governação, associando àquela a ideia de que se trata de uma forma de governação mais afim de um tipo de administração mais transparente de toda uma sociedade, como se pode verificar pelos comentários feitos num artigo sobre o assunto:
«Por seu lado, no documento da Comissão Europeia Governança e Desenvolvimento [COM(2003) 615] reconhece-se que, apesar de não haver uma definição internacionalmente aceite do termo governança, este assumiu nos últimos dez anos uma enorme importância. Para a Comissão Europeia, governança refere-se às regras, processos e comportamentos através dos quais os interesses são articulados, os recursos são geridos e o poder é exercido na sociedade.
O interesse desta noção reside num aparente ganho de transparência em relação à noção sancionada por séculos de governação. Esta última parece enfermar para os teóricos da governança de excesso de segredos: não é fácil caracterizar o que é o poder, o carisma, a criatividade política, o sentido de estado, o corpo político, a relação de representação política, etc. A noção de governança parece ter a agenda secreta de racionalizar totalmente a governação, de não deixar nada por explicar» (J. M. Curado, Estruturas de Governação, CDN2006, Instituto de Defesa Nacional, Porto, 2 de Dezembro de 2005, p. 2; disponível em http://repositorium.sdum.uminho.pt/handle/1822/3703, consultado em 11/02/2014).
De certo modo, ao encontro destes comentários vem a definição de governança de que dá atualmente conta o Dicionário da Língua Portuguesa, da Porto Editora (disponível na Infopédia):
«governança nome feminino 1. antiquado, pejorativo ato: ou efeito de governar; governo, governação; 2. (União Europeia) forma de governar baseada no equilíbrio entre o Estado, a sociedade civil e o mercado, ao nível local, nacional e internacional (Do francês antigo gouvernance, «idem»).»