A frase activa distingue-se da passiva através da perspectiva adoptada: na activa, o sujeito é agente responsável pela acção expressa pelo verbo, e, na passiva, o sujeito sofre a acção expressa pelo verbo:
Frase activa: O rato [sujeito] comeu [voz activa] o queijo [complemento directo].
Frase passiva: O queijo [sujeito] foi comido [voz passiva] pelo rato [agente da passiva].
Na frase passiva, o sujeito não pratica a acção, e por isso é necessário um complemento que indique o ser responsável pela acção sofrida pelo sujeito (o complemento «pelo rato»).
A frase passiva resulta de uma transformação da frase activa. O sujeito da passiva
(«O queijo») corresponde ao objecto directo da activa («o queijo»). O verbo da frase activa («comeu») passa a ser conjugado na voz passiva («foi comido»). O constituinte introduzido pela preposição por, ou seja, o agente da passiva («pelo rato»), tem na activa a relação de sujeito («o rato»). Na passiva ocorre uma forma do auxiliar «ser» («foi») ausente na activa e seguida de uma forma participial («comido»). A forma participial presente na passiva concorda em género e número com o sujeito:
Frase passiva: As maçãs foram comidas pelo menino.
Frase activa: O menino comeu as maçãs.
Na frase passiva apenas podem ocorrer formas participiais de verbos ditransitivos e transitivos. Não podem ocorrer nas passivas sintácticas formas participais de verbos inergativos (*O Luís foi tossido), de verbos inacusativos (*O prato foi caído), de verbos que seleccionam argumentos internos preposicionais (*O Luís foi telefonado) ou verbos que assumem a forma preposicional (*O teatro foi gostado).