«Fulano está melhor preparado do que Beltrano» ou «mais bem preparado»?
Não é muito fácil dar uma resposta definitiva, porque, neste ponto, a língua está em evolução. Melhor é comparativo de bom; mais bem é comparativo de bem. O lógico, portanto, será dizermos "mais bem preparado", comparativo de "bem preparado". Vemos, porém, que Camões escreveu: «O ponto (…) melhor tornado no terreno alheio (…)» (Os Lus., IX, 58).
Camilo Castelo Branco em O Santo da Montanha, escreveu: «(…) aceitou um almoço melhor adubado que o da ceia (…)». E assim outros grandes escritores.
Mas vejamos o seguinte: em bem preparado, bem tornado, bem adubado, o advérbio bem faz "corpo" com o particípio passado que se lhe segue. E há casos em que esse «fazer corpo» é tão nítido que se unem graficamente as duas palavras, o advérbio bem e o particípio passado, com o hífen (ou traço de união), como por exemplo em bem-falado, bem-feito, bem-parecido, etc. Note-se que cada uma destas palavras funciona como um qualquer adjectivo, como por exemplo: feio, bonito, belo, comprido, etc. E tal como dizemos mais feio/bonito/belo/comprido, diremos também mais bem preparado, mais bem-fadado, mais bem-feito, mais bem-parecido. O que vem a seguir a mais apresenta-se-nos como um todo significativo, e não como duas palavras diferentes. Eis a razão por que nos soa mais agradavelmente mais bem preparado (advérbio mais+adjectivo) tal como em mais feio (advérbio+adjectivo).