«(…) As populações khoisan de Angola e da Namíbia teriam se separado daquelas da África Oriental entre há 25 000 e 40 000 anos. (…)»
Khoisan é a designação unificadora de dois grupos étnicos distintos que vivem na África Austral e que partilham algumas características físicas e linguísticas.
Os dois grupos são os sãs, também conhecidos por bosquímanos ou boximanes e que são caçadores-colectores, e os cóis, que são pastores e que foram chamados hotentotes pelos colonizadores europeus.
Fisicamente, os khoisan são em média mais baixos e esguios que os restantes povos africanos. Além disso, possuem uma coloração de pele amarelada e prega epicântica nos olhos, como os chineses e outros povos do Extremo Oriente. Algumas destas características são agora comuns a outros grupos étnicos sul-africanos, sendo patentes, por exemplo, em Nelson Mandela.
Uma outra característica física dos Khoisan é a esteatopigia das mulheres (grande desenvolvimento posterior das nádegas), que levou a que uma mulher tivesse sido levada para a Europa no século XIX e usada para exibição em feiras, a famosa Vénus Hotentote.
Os khoisan possuem o mais elevado grau de diversidade do ADN mitocondrial de todas as populações humanas. O seu cromossoma Y também sugere que, do ponto de vista evolucionário, os Khoisan se encontram muito perto da «raiz» da espécie humana.
De acordo com um estudo autossómico de 2012, os Khoisan podem ser divididos em dois grupos, correspondentes às regiões Noroeste e Sudeste do Calaári, os quais se separaram nos últimos 30 000 anos. Todos os indivíduos testados na amostra apresentaram ancestralidades de população não khoisan, que foram introduzidas no período de há 1200 anos, como resultado da expansão banta.
Além disso, os hadzas, um grupo de caçadores-colectores do Leste de África, que também utilizam uma língua baseada em cliques (como a dos khoisan), possuem um quarto da sua ancestralidade vindos de uma população relacionada com os Khoisan, revelando uma ligação genética antiga entre o Sul de África e o Leste de África. Ou seja, as populações khoisan de Angola e da Namíbia teriam se separado daquelas da África Oriental entre há 25 000 e 40 000 anos.
De acordo com um estudo genético de 2014, eles podem ter sido o maior grupo humano no mundo em termos demográficos no período entre há 120 mil a 30 mil anos. Um outro estudo genético, de 2016, constatou que os khoisan permaneceram relativamente isolados até há 2000 anos.
Cf. Ainda sobre o povo mais antigo do planeta
Texto transcrito, com a de vida vénia, do Jornal de Angola, do dia 21 de agosto de 2024.