Em relação ao tema abordado no artigo Anatomia e genética dos Khoisan, transcrito do Jornal de Angola do dia 21 de agosto de 2024, na verdade, durante muito tempo, os antropólogos pensaram que o povo Koi-san, pelos seus traços fisionómicos, resultava de mestiçagem muito antiga com um povo do extremo oriente asiático, tal como os malgaxes.
Agora, a tese dominante, se não unânime, é que este povo, embora parcialmente mestiçado com os bantos, poderá ser o povo vivo mais antigo da História do planeta – os pais da Humanidade --, dele tendo derivado os povos africano, europeu e asiático (as suas características fenotípicas estarão divididamente presentes em cada um destes três povos do planeta – a carapinha cerrada, herdada pelo povo africano, os olhos com pega nos epicantos pelo povo asiático, a boca pelo povo europeu, etc.).
De resto, não está provado nem se mostra verosímil que algum povo do Extremo Oriente asiático tenha dobrado o Cabo da Boa Esperança no sentido do Oceano Índico para o Atlântico (ficaram-se pela África oriental e depois desistiram, convencidos de que não havia recursos naturais valiosos no solo africano).
No campo linguístico, ao que julgo saber, os etnolinguistas parece darem hoje como assente que a língua de cliques não traduz uma inferioridade quanto à aptidão ou uso do aparelho fonador, sendo esses cliques, sim, sons de imitação da natureza (ramo que parte, gota ou folha que cai na água, etc.) como aviso de alerta feito a companheiros (venatórios ou postos em perigo), no tempo em que o homem era ao mesmo tempo predador e presa.
Luanda, Angola