A expressão «todo o mundo» — derivada, decerto, da expressão francesa «tout le monde» —, típica no Brasil, também foi usada pelo primeiro dramaturgo português, Gil Vicente, no Auto da Lusitânia (em 1531), como nome de uma das personagens principais, que, por sua vez, dialoga com outra (antagónica): Todo o Mundo e Ninguém.
A forma (mais correta) correta tem o artigo/determinante definido — «todo o mundo1» (sinónima de «todos, todas as pessoas, toda a gente», tal como a regista o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, 2001, p. 2729) — e corresponde à expressão «toda a gente», de uso corrente em Portugal. Como o termo mundo é um substantivo/nome, tal como gente, é de regra a ocorrência do artigo definido [o mundo; a gente] a preceder cada uma dessas palavras.
No entanto, o Dicionário Houaiss (de 2009) regista (p. 1331), também, a expressão «todo (o) mundo» (sem artigo definido) com duas aceções:
1. as pessoas todas (tomadas indefinidamente). Exemplos:
Todo (o) mundo conhece esse artista.
Todo (o) mundo de vez em quando pensa na morte.
2. todas as pessoas (a respeito das quais se sabe, se tratou antes. Ex.:
Já chegou todo (o) mundo, podemos começar a reunião.
Nota: A palavra mundo, para além de significar «conjunto de tudo o que existe», «Universo; parte do Universo e os seres que nele habitam», «Terra», «planeta ou sistema de planetas», «cada um dos dois grandes continentes: o antigo e o novo», «vida terrestre», «esfera armilar» (Grande Dicionário da Língua Portuguesa, da Porto Editora, 2010), designa também «multidão», «a maioria das pessoas», «género humano», «a gente», «a humanidade» (idem, Dicionário Priberam, Dicionário Aulete), razão pela qual é sinónima, neste caso, de gente [«conjunto de pessoas; multidão; o género humano; humanidade; povo» (Infopédia – Dicionário da Língua Portuguesa, da Porto Editora).
1 No entanto, na prática, vê-se tanto «todo o mundo» quanto «todo mundo» (informação do consultor brasileiro Luciano Eduardo de Oliveira).