Não só é lícito suprimir a conjunção subordinativa adverbial proporcional1 tanto, como é mais usual que se suprima, conforme podemos constar pelos exemplos dados nas várias gramáticas consultadas:
«São designadas proporcionais as orações que comportam ou conectores descontínuos, correlativos, do tipo de quanto mais... (tanto) mais, quanto mais... (tanto) menos, ou conectores isolados como à medida que, à proporção que, enquanto.
Neste tipo de construções, confrontam-se graus de intensidade de duas propriedades [como em (1)] ou de dois estados de coisas [como em (2) e (3)] ou quantidades de duas entidades referidas [como em (4)], estabelecendo-se entre eles uma relação de proporcionalidade:
(1) Quanto mais trabalhador fores, melhor aluno serás.
(2) Quanto mais se avança na montanha, mais difícil se torna a respiração.
(3) À medida que as pessoas avançam na montanha, a respiração torna-se mais difícil.
(4) Quanto mais chocolate comeres, mais terás problemas com o colesterol.»2
« (...) Quanto mais se distingue, mais se funde. (Vitorino Nemésio, SOP, 336)»3
«O anão, quanto mais alto sobe, mais pequeno se afigura. (Marquês de Maricá)»4
Conclui-se que é igualmente correcto dizer: «quanto maior a casa, tanto mais quartos tem» e «quanto maior a casa, mais quartos tem». A supressão da conjunção tanto é, contudo, mais usual.
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1 Ver Evanildo Bechara, 1992, Nova Gramática Portuguesa, São Paulo: Companhia Editorial Nacional, pp. 161-166.
2 Mateus, Maria H. M., 2003, Gramática da Língua Portuguesa, Lisboa: Caminho, p. 765.
3 Cintra, L. e Celso Cunha, 1984, Nova Gramática do Português Contemporâneo, Lisboa: Sá da Costa, p. 585.
4 Bechara, E., 1992, Nova Gramática Portuguesa, São Paulo: Companhia Editorial Nacional.