O verbo reaver (sinónimo de «recuperar, haver de novo, recobrar») é um verbo defetivo, porque não tem a conjugação completa, o que dificulta o seu uso correto.
Como é formado com o verbo haver (re- + haver) — também defetivo e ocorrendo, com frequência, como impessoal (na aceção de «existir»), o que implica que seja usado na 3.ª pessoa do singular —, herdou muita da sua complexidade. É esta a razão pela qual, desde longa data, os vocabulários ortográficos da língua portuguesa (o da Academia das Ciências de Lisboa, de 1940, e o de Rebelo Gonçalves, de 1966) têm tido o cuidado de especificar a particularidade deste verbo, dando as seguintes indicações: «reaver, verbo. Conjugado apenas nas formas correspondentes às que no verbo haver têm v, regula-se graficamente, à parte a supressão do h, por esse verbo» (Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, 1940) e «reaver, verbo. Conjugação igual à do verbo simples haver, mas com falta das formas correspondentes às que nesse verbo não têm v, a saber: 1.ª, 2.ª e 3.ª pessoas do singular e 3.ª pessoa do plural do presente do indicativo; todas as pessoas do presente do conjuntivo; 2.ª pessoa do singular do imperativo» (Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, 1966).
Devido à sua singularidade, este verbo é objeto de esclarecimento nos dicionários específicos. Assim, o Dicionário de Verbos da Língua Portuguesa (Lisboa, Dom Quixote, 1999), de Ana Maria Guedes e Rui Guedes, explicita a particularidade do verbo reaver do seguinte modo: «Este verbo é defetivo pessoal. Não sendo dependente de ver nem de vir, apenas se conjuga nas formas em que o verbo haver tem v. E não se conjuga no presente do conjuntivo» (p. 303). Por sua vez, o Dicionário Gramatical dos Verbos Portugueses, da Texto Editores (2007), esbate todas as formas do verbo reaver sem v. E, por seu lado, o Dicionário dos Verbos Portugueses, da Porto Editora, apresenta a conjugação, deixando em branco o que não se conjuga, o que evidencia a sua especificidade.
N. E. – Resposta alterada em 05/07/2021.