1. «Faz dez anos que ele mora aqui.»
Antes da resposta, concentremo-nos por uns momentos na interpretação da frase. Notemos que ela nos fala de alguém que mora aqui há dez anos. E a sequência lógica da frase seria: sujeito – predicado – adjunto circunstancial.
Verificamos, porém, que a posição inicial está ocupada por uma expressão temporal. Dizemos, então, que a circunstância de tempo está topicalizada — o que implicou a presença duma partícula (que) de realce (ou de apoio, ou eufónica), cuja função é prender à predicação o adjunto temporal topicalizado.
A frase deve ser descrita assim:
Frase simples
Suj.: ele; pred.: mora aqui; faz dez anos: adjunto circunstancial de tempo (desde quando).
Aquele que não desempenha, na frase, qualquer função sintática.
Não consideramos aceitável a análise que descrevesse esta frase como resultante de duas orações, assim:
«que ele mora aqui»: suj.: ele; pred.: mora aqui; aqui: compl. circ. de lugar.
Respondendo à sua pergunta n.º 1: o sujeito daquela frase é o pronome pessoal ele.
2. «Digam alô para o titio Níquel.»
Estamos perante uma frase imperativa («digam alô») de sujeito oculto, mas facilmente recuperável no contexto. Por isso, a nossa análise será:
Frase simples.
Suj.: eles ou vocês (sujeito oculto): pred.: digam alô para o titio Níquel; alô: complemento direto; para o titio Níquel: compl. circunstancial de destino.
Duas notas, apenas:
1. Quando falamos em sujeito oculto, temos em conta que só se pode ocultar o que existe. Daí que não achemos conciliáveis os adjetivos nulo e oculto.
Na frase «Digam alô…» aquele verbo, na terceira pessoa do plural, tem um agente que, apesar de oculto, é muito facilmente identificável no contexto. Trata-se provavelmente de crianças que, na presença dum titio, são aconselhadas a cumprimentá-lo. A forma oculta, o sujeito oculto, será, pois, vocês.
2. O complemento preposicionado «para o titio Níquel» poderia ter tido, no seu lugar, um complemento indireto, assim: «digam alô ao titio Níquel.» A descrição sintática tem como função revelar o sentido da frase. Mas está condicionada por algumas leis. E uma delas é que a designação de complemento indireto está reservada a grupos nominais precedidos de a. Por isso é que o grupo preposicionado «para o titio Níquel» é um complemento circunstancial de destino, e não complemento indireto.