Maria João Freitas, Dina Alves e Teresa Costa, em O Conhecimento da Língua: Desenvolver a Consciência Fonológica (Lisboa, Direcção-Geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular, pág. 16, n.º 6) confirmam a distinção feita pela consulente nos seguintes termos:
«Em casos como carro ou massa, [...] as sequências gráficas rr e ss representam, respectivamente, o som [R] e o som [s]. Em contexto lectivo, ao pedir-se a translineação de palavras deste tipo, a resposta é car-ro e mas-sa. Porém, se se pedir aos alunos a divisão silábica, a reposta deve ser ca-rro e ma-ssa. Os dígrafos rr e ss funcionam como os dígrafos nh, lh ou ch: cada dígrafo representa um só som, respectivamente, [R], [s], [ɲ], [ʎ] e [ʃ].»1
Quanto ao momento em que a noção de translineação é apreendida, verifica-se que o termo correspondente surge só na lista de itens de funcionamento da língua que dizem respeito ao 3.º ano do 1.º ciclo do ensino básico em Portugal (ver programa de Língua Portuguesa do 1.º ciclo, pág. 158, em vigor à data de publicação desta resposta), num contexto assim formulado:
«Decompor palavras em sílabas (para efeitos de translineação).»
Observe-se, porém, que a formulação deste item é susceptível de reforçar a confusão entre divisão silábica e translineação, porque a sílaba é um conceito fonológico, e a translineação, uma convenção gráfica. Não há, portanto, «sílabas de translineação».
1 Fiz as seguintes correcções: «aos alunos», em lugar de «ao aluno», e [ɲ], em lugar de [ɳ].