Os termos referidos são gregos e correspondem a elementos da tragédia grega. Com base no Dicionário Grego-Português e Português-Grego, de Isidro Pereira, podemos defini-los do seguinte modo:
‘Ananké’: «força», «necessidade»; «destino»
‘Hybris’: «orgulho», «insolência», «impetuosidade»; «insulto»; «dano»
‘Agón’: «luta», «perigo», «temor», «ansiedade», «angústia»; também designa qualquer assembleia ligada para jogos (por exemplo, olímpicos)
‘Anagnórisis’: «reconhecimento»
‘Peripéteia’: «mudança repentina de fortuna», «peripécia»
‘Katastrophé’: «mudança», «fim», «destruição», «catástrofe»
‘Cathársis’ (ou ‘catharmós’): «purificação», «purgação»
Segundo o Dicionário de Literatura (Porto, Figueirinhas, 1985), dirigido por Jacinto do Prado Coelho, alguns destes elementos articulam-se assim:
«A hybris responde a vingança, a punição, o ressentimento, uma espécie de ciúme ferido pela corajosa atitude assumida pelo homem – a némesis divina. […] Os acontecimentos desenrolam-se segundo os actos das personagens e os logros do destino da necessidade do fatum (ananké); encadeiam-se uns nos outros e, por vezes, precipitam a acção no seu curso através das peripécias, que acabam por voltar o rumo do drama em sentido inesperado (catástrofe). Esta mudança brusca é muitas vezes levada a cabo por um reconhecimento (agnórise) de laços de parentesco até então insuspeitados.»
Da leitura desta citação, compreende-se, portanto, que alguns destes termos passaram ao português; por exemplo, peripécia (‘peripéteia’) e catástrofe.
Falta só enquadrar ‘agón’ e ‘cathársis’ (ou catarse em português). O primeiro termo designava, «no teatro grego, conflito entre as principais personagens» (Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, versão brasileira). Quanto a catarse, recorro mais uma vez ao Dicionário de Literatura: «[…] o elo que se estabelecia entre o espectador e a acção dramática, essa participação interessada no devir dos acontecimentos, causadora de estados de endopatia, tinha uma função de cathársis, que, segundo a interpretação crítica mais corrente, se destinava a purificar o espectador das suas tendências imorais ou
anti-sociais, uma espécie de válvula de escape de forças psíquicas e cargas emocionais, que não encontram conduto próprio para se liberarem.»