A palavra tragédia, no contexto que refere, é um hiperónimo, ou seja, qualquer das palavras acidente, crime e catástrofe pode ser substituída pela palavra tragédia quando se registam mortes ou danos físicos ou morais muito graves. A língua oferece-nos a possibilidade de utilizarmos termos que contêm algum tema comum, permutando-os no discurso, para evitar a monotonia e a deselegância da repetição. Neste caso, por outro lado, a substituição faz com que a referência ao facto seja alargada para a referência ao efeito que ele produz em quem sofre o acidente, o crime ou a catástrofe. É uma forma de conferir expressividade ao que se diz, de tentar mostrar ou provocar uma determinada emoção.
Segundo o Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa, de José Pedro Machado, a palavra tragédia provém do grego tragoidía, «à letra, canto do bode, isto é, canto religioso com que se acompanhava o sacrifício dum bode nas festas de Baco; daí canto ou drama heróico; particularmente, tragédia; narrativa dramática e pomposa; acontecimento trágico, isto é, acontecimento infeliz e muito falado; acto de representar uma tragédia», pelo latim tragoedia, «a tragédia; fig. no pl., efeitos oratórios, movimentos patéticos; declamação; palavras bombásticas»; por via culta. Séc. XVI: «Estas e outras tragédias moveu o Demónio perseguindo as almas pias, enquanto os Mártires batalhavam contra ele...» Arrais, VII, cap. 17, p. 472. Tragidia no séc. XV: «segundo alguns poetas escrevem em suas tragidias...» Ofícios, p. 195.
A palavra tragédia pode ser utilizada em diversos contextos, dadas as suas várias acepções: peça teatral, arte de fazer ou representar esse tipo de peça, acontecimento funesto, o género trágico, a musa trágica.