No sentido de «atribuir», o verbo reservar é bitransitivo, isto é, selecciona um complemento directo e um complemento indirecto: «O Estado reserva aos pais o direito de intervirem nas escolas.» O verbo em apreço torna-se também reflexo quando a entidade que atribui (o sujeito) é também o beneficiário da atribuição (o complemento indirecto); daí «O Estado reserva-se o direito de intervir nas escolas» (atenção: não confundir esta construção com as construções de se apassivante ou impessoal). Há também a possibilidade de usar um complemento preposicional introduzido por para em lugar do complemento indirecto: «O Estado reserva para os pais o direito de intervirem nas escolas»; «O Estado reserva para si o direito de intervir nas escolas.»1
De qualquer modo, a expressão «reservar-se o direito» já ganhou foros de expressão fixa, como se pode verificar pelo seu registo no Novo Dicionário Lello Estrutural, Estilístico e Sintáctico da Língua Portuguesa e no Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, da Academia das Ciências de Lisboa.
1 Sobre para em constituintes sintácticos que exprimem o beneficiário ou destinatário, ler a resposta Ainda a análise sintáctica de «Portugal é um país acolhedor para Ucranianos».