Sem um contexto mais alargado, a frase apresentada é de difícil análise. Não obstante, estamos em crer que pois é usado como marcador conversacional, sendo que um determinante interrogativo, que introduz, portanto, uma frase interrogativa.
A locução «pois que» introduz orações subordinadas causais, atribuindo ao nexo um valor de causalidade, como em (1):
(1) «Vou contigo ao café, pois que já terminei os meus afazeres.»
No entanto, na frase apresentada, a oração «(Pois) que adianta querer fazer isto tudo» não é uma subordinada causal (aliás, se assim fosse, a frase teria duas orações subordinadas e nenhuma subordinante) mas, antes, a oração subordinante, na qual se encaixa a oração subordinada adverbial condicional «se eu me vejo como um completo íon». A palavra pois, que abre a frase, a ocorrer num contexto dialogal, será um marcador conversacional, que assume a função fática de chamar a atenção do interlocutor, assegurando a continuidade da conversação1.
A frase apresentada deveria terminar com um ponto de interrogação, porque, de facto, configura uma frase interrogativa direta.
Relativamente ao uso de vírgula antes da oração subordinada condicional, introduzida pela conjunção se, este não se revela obrigatório. Poderá, no entanto, ser usada vírgula a separar as duas orações, caso se pretenda realçar o conteúdo da subordinada, afastando-a da oração subordinante.
Disponha sempre!
1. Cf. Lopes in Raposo et al., Gramática do Português. Fundação Calouste Gulbenkian, pp. 2670-2671.