Em primeiro lugar, é apanágio dos nomes próprios escreverem-se com letra maiúscula. E o que está subjacente ao texto do Acordo Ortográfico de 1990 é que os nomes que passaram a grafar-se com minúscula sejam considerados nomes comuns. Parece, de facto, que, na Base XIX do novo acordo, o leque de nomes próprios está essencialmente restringido aos nomes que referem inequivocamente uma entidade única (nomes de pessoas, de animais, de lugares, de figuras mitológicas, de astros, de instituições...). A excepção são os nomes das festas religiosas, que mantêm a maiúscula, possivelmente por respeito pela tradição (Natal, Páscoa, etc.).
Quanto aos nomes dos meses e das estações, adopta-se agora a norma já em vigor para os dias da semana, indo-se ao encontro do critério já anteriormente seguido pelos brasileiros, que consideram que se trata de nomes comuns.
Veja-se, a este propósito, a posição de Evanildo Bechara*:
«SUBSTANTIVO COMUM é o que se aplica a um ou mais objetos particulares que reúnem caraterísticas inerentes a dada classe: homem, mesa, livro, cachorro, lua, sol, fevereiro, segunda-feira, papa.
Os cinco últimos exemplos patenteiam que há substantivos comuns que são nomes individualizados, não como os nomes próprios, mas pelo contexto extralinguístico e pelo nosso saber que nos diz que no contexto "natural" nosso só há uma lua, um sol, um mês fevereiro e um só dia da semana segunda-feira e, no contexto "cultural", só há um papa. Se forem escritos com maiúscula, deve-se o fato a pura convenção ortográfica, e não porque são nomes próprios.»
* Evanildo Bechara, Moderna Gramática Portuguesa, Rio de Janeiro, Editora Lucerna, 37.ª edição, pág. 113