O uso em referência não é aceite pela norma, porque, depois de preposição, a forma pronominal correspondente a vocês (usada como sujeito) é também vocês. Sendo assim, espera-se que, nas frases em questão, ocorra sempre «de vocês», e não «de vós».
Observe-se, no entanto, que, desde há alguns anos, no Portugal onde a forma de tratamento vós já não é hábito, os falantes mostram alguma relutância em empregar vocês como sujeito de frase, procurando, tal como acontece com você, que a forma de tratamento nunca seja instanciada; ou seja, recorre-se às formas verbais de 3.ª pessoa, mas não se realiza o sujeito. É, portanto, muito mais prudente (e até delicado) perguntar a alguém «não se quer sentar?», sem explicitar a forma de tratamento, do que dizer, interrogando, «você não se quer sentar?».
Este comportamento estende-se aos pronomes associados a esta forma de tratamento depois de preposição, e a solução encontrada tem sido mais recentemente usar vós, em paralelo com o que acontece com as formas -vos e vosso, num uso que é muito frequente, mas duvidoso («voltem aos vossos lugares para eu poder dar-vos novas instruções», quando, do ponto de vista normativo, deveria ser ««voltem aos seus lugares para eu poder dar-lhes novas instruções»). Trata-se de uma situação muito curiosa – repita-se, não aceite pela norma –, porque passam a empregar-se quase todos os pronomes correspondentes ao tratamento por vós, exceto exatamente o vós que é sujeito e as formas verbais correspondentes (por isso se diz geralmente «querem vir ao cinema», em vez de «quereis vir ao cinema»). Será que, em Portugal, só falta mesmo recuperar vós sujeito e as formas verbais associadas?