Começo por referir que os substantivos, quando funcionam como adjetivo, flexionam em número. Caso disso é, por exemplo, o uso de nomes de animais adjetivalmente:
(1) «Ela é rata»
(2) «Elas são ratas».1
Por essa razão, fera, enquanto adjetivo, flexiona-se:
(3) «Os alunos são feras».
Contudo, em português do Brasil2, parece haver tendência para não se flexionar quando nos referimos a um grupo de pessoas que é excecional naquilo que faz (em português de Portugal, este adjetivo não é utilizado com esta aceção), i. e., parece comum dizer-se:
(4) «os alunos são fera».
Contudo, é de salientar que esta simplificação coloquial do adjetivo fera, não é gramatical, mesmo que de uso comum e compreensível.
Agradecemos as palavras de apreço.
1 A expressão, em alguns contextos, pode ter conotações negativas, i.e, quando se refere a alguém que é astuto, esperto ou perspicaz em determinadas situações. No entanto, em certos casos, essa expressão pode ser usada de maneira coloquial e amigável, dependendo do tom e do contexto da conversa.
2 O adjetivo fera pode ter significados diferentes nas duas variantes do português. Em português de Portugal, fero/fera refere-se a alguém que «que demonstra ferocidade; que é selvagem; que denota crueldade, desumanidade; que denota violência, impetuosidade; que é áspero, agreste ou duro; que assusta ou amedronta; que possui ou demonstra robustez, força» (Dicionário da Língua Portuguesa da Academia das Ciências de Lisboa). Além destas aceções, em português do Brasil, o mesmo adjetivo tem uso coloquial com o sentido de «indivíduo que é excelente naquilo que sabe ou faz; diz-se de pessoa valente ou corajosa» (dicionário Michaelis).