A vírgula está associada a diferentes funções no texto escrito, desde a marcação de curvas melódicas, à sinalização gráfica, passando pela delimitação de constituintes sintáticos, existindo casos em que a vírgula é obrigatória, outros em que é interdita e, ainda, outras em que se associa a intenções expressivas.
O caso apresentado está relacionado com a delimitação de grupos de palavras, de acordo com a sua função sintática. Neste caso, convém recordar que não se utiliza vírgula a separar o sujeito do predicado ou o predicado dos seus complementos.
Na frase «O João viajou para Lisboa», o constituinte «para Lisboa» tem a função de complemento oblíquo e, uma vez que se trata de um complemento pedido pelo verbo, não poderá ser separado deste último por vírgula.
Repare-se que, numa situação como
(1) «Viajou, apressada e nervosamente, para Lisboa.»
já haverá lugar ao uso das vírgulas, pois estas não estão relacionadas com o constituinte «para Lisboa», mas, antes, com os advérbios «apressada e nervosamente», cujo valor de inciso assinalam.
Refira-se, porém, que a vírgula pode ser usada numa construção semelhante à apresentada pelo consulente com o objetivo de destacar enfaticamente um constituinte. Neste contexto, seria possível uma frase como:
(2) «Eu sei para onde viajas, para Lisboa!»
Neste caso, o constituinte «para Lisboa» seria pronunciado com uma curva melódica distinta, marcada pelo uso da vírgula.