Pode considerar-se que o grau superlativo absoluto sintético do adjetivo só se expressa pela forma sozinho, na qual o sufixo de diminutivo -inho funciona como marcador de intensificação.1 Ressalta-se, no entanto, que o adjetivo sozinho (que também pode signifcar «isolado») nem sempre é sentido, nos dias de hoje, como superlativo absoluto sintético de só, mas, sim, como sinónimo deste último adjetivo, sobretudo em registos informais. Posto isto, caso haja necessidade de se usar o superlativo do adjetivo só, sugerimos que se empregue o superlativo absoluto analítico deste adjetivo – «muito só» – ou, de forma a intensificar o sentido que queremos dar ao adjetivo, com o superlativo absoluto sintético do próprio advérbio muito – «muitíssimo só».
1 Não se usam nem atestam formas como "soíssimo" ou "sozíssimo". Atendendo a que, em português, existem formas de superlativo absoluto sintético que têm por base de derivação um radical erudito de origem latina – a amigo corresponde amicíssimo, cujo radical é amic-, do latim amicus –, poderia também pensar-se que com só bastaria remontar ao étimo latino solu- e, restaurando o radical sol-, formar "solíssimo". Sucede, porém, que estes superlativos formados por via erudita documentam uma dada fase da história da língua (os superlativos começaram como eruditismos provenientes o latim e só mais tarde é que o sufixo -íssimo começou a associar-se a adjetivos criados por via popular; cf. Dicionário Houaiss, s.v. -imo), sem se ter instaurado depois o recurso sistemático aos radicais eruditos sempre que deles houvesse necessidade. O adjetivo só terá passado essa fase histórica sem consequências na sua flexão em grau, visto que em português não se atesta "solíssimo", pelo menos do século XIX a esta parte (cf. Corpus do Português de Mike Davies e Michael Ferreira).