Aí está um tipo de situação em que por vezes nós, professores, nos deixamos cair, colocando questões com um grau de dificuldade maior do que, à partida, nos parecia!
A questão de formas como moreninho, morenaço, bonitinha, jeitosinha, feiinho, etc. não tem sido muito estudada. Se tivermos em conta o sufixo, vemos que ele veicula, à partida, uma ideia de aumento ou de diminuição. A analogia que os seus alunos fizeram é excelente (moreno+inho = moreninho). Para a capacidade de compreensão que eles têm da língua, a resposta é óptima!
Bom, mas se aquelas formas não equivalem a diminutivos nem aumentativos, pois não estamos na classe dos nomes, como classificá-las?
A análise mais completa que encontrei acerca deste tema é da autoria de Ana Maria Brito e encontra-se na Gramática da Língua Portuguesa de Mira Mateus e outras, 5.ª edição, pág. 388. Aí, a autora fala de formas menos habituais de construir o superlativo absoluto.
Uma delas é a repetição do adjectivo: «O João está moreno, moreno, moreno.» Ou seja: «O João está muito moreno.»
Outra tem que ver, precisamente, com o tema em apreço. Há situações em que um adjectivo é intensificado através de um sufixo, mais comum nos nomes. Um «rosto moreninho» é um «rosto muito moreno»; um «rosto bonitinho» é um «rosto muito bonito».
Assim sendo, o grau em que está o adjectivo em causa é o grau superlativo absoluto (poderíamos acrescentar sintético), ainda que num tipo de construção que me parece de difícil compreensão para um aluno do 6.º ano…
Gostaria de deixar aqui uma pequena provocação acerca da língua e da sua aquisição explícita. É por questões como a de que aqui se trata que nenhum professor de Português pode assumir que os seus alunos já sabem a língua, estejam eles em que nível estiverem (básico ou secundário). Será que sabem? Será que nós, professores, já sabemos a nossa língua?