Se tiver em conta o que já se disse sobre denotação e conotação no Ciberdúvidas, depressa chegará à conclusão de que, para o caso vertente, denotação se confunde com sentido literal, e conotação, com sentido figurado. Se tomar o provérbio à letra, obterá a seguinte paráfrase, que tem valor de simples constatação: «um burro que seja velho não consegue andar muito tempo ou tem dificuldade em manter andamento». De modo figurado, terá de projectar o provérbio sobre situações de âmbito geral, recorrendo a uma leitura metafórica: «a idade faz-nos perder a agilidade física e mental, tornando-nos mais lentos e menos resistentes, logo menos receptivos a novidades.»
Já agora, refira-se uma variante um pouco mais extensa, que reforça a mensagem de que, com a idade, vem também a perda de resistência física e o aumento da resistência a novos estímulos: «Burro velho não toma andadura e se a toma pouco dura» (cf. José Pedro Machado, O Grande Livro dos Provérbios, Lisboa, Editorial Notícias, 2005; ver também Gabriela Funk e Mattias Funk, Dicionário Prático de Provérbios Portugueses, Lisboa, Edições Cosmos, 2008). Em suma, o provérbio em apreço é muito próximo deste outro, mais corrente em Portugal e centrado na perda de agilidade intelectual e/ou emocional: «Burro velho não aprende línguas.» Mas são coisas que se dizem, e nos tempos de hoje o "burro", mesmo velho, toma sempre "andadura".